MEMÓRIAS MOTORIZADAS II
Eu como a grande maioria dos brasileiros, me acomodo a toda e qualquer situação que seja prática e confortável, independentemente dos riscos ou impedimentos que existam em contrário.
Assim foi, também, o inicio da minha vida como motorista amador ali pelos anos 70. Até então, por falta de interesse ou condições financeiras, não havia cogitado na hipótese de ter um carro.
Na época, empregado como Gerente Administrativo da Editora Opera Mundi e prestando, também alguns serviços extras para o tio da minha esposa, o Salvador Leanza que era proprietário de uma transportadora no bairro do Brooklim, precisamente a Rua Padre Antonio José dos Santos.
Ele já havia sido proprietário de numa Auto-Escola e começou a aventar a possibilidade da compra de um carro para mim com os valores que eu recebia por serviços prestados à Transportadora.
A ideia me agradou e ele saiu a campo na procura do carro ideal.
Um dia, ligou-me e disse que havia achado um Fusca 1950, em excelentes condições e já tinha fechado o negocio, bastava então que eu fosse com ele à Agência para fornecer os dados e concluir a operação.
Fui no mesmo dia e tudo ficou acertado.
Três dias depois, a documentação toda liberada, combinamos de nos encontrar à tarde para levar o carro até minha residência. Na época eu residia em um pequeno apartamento no bairro de Sumarezinho próximo a Rua Cerra Cora, local tranquilo e muito propicio aos meus treinamentos ao volante.
Levamos o carro e lá chegando deu-se o início de minha instrução como motorista. Com o Salvador ao meu lado iniciei as voltas pelo quarteirão usando 1ª. (era seca) e 2 a. marchas. marchas até me cansar. Nos dias seguintes, já sem o acompanhamento do meu instrutor dei continuidade ao treinamento.
Já com alguma segurança no cambio de 1ª. para 2ª. ousei passar para a 3ª. e depois 4ª., sem ter enfrentado qualquer problema de maior significado ou amplitude, dei vaza aos meus instintos de piloto e no termino da primeira semana me considerava o verdadeiro “Fangio do Sumarezinho”.
Meu local de trabalho era no início da Avenida Paulista, quase na esquina da mais paulista das avenidas com a Rua Bela Cintra.
Tomei a deliberação de a partir da terceira semana de pilotagem de treino que deveria enfrentar o trânsito normal e as ele me acostumar.
Decidi então, por ir trabalhar dirigindo o meu carrinho.
O trajeto a ser vencido no percurso residência/empresa era: Rua Cerro Cora, Rua Heitor Penteado, Avenida Dr. Arnaldo e, finalmente, Avenida Paulista.
No dia marcado me entupi de coragem e entrando no fusquinha venci, com certa tranqüilidade o trajeto já comentado sem estar, claro, devida e legalmente autorizado para tanto.
Como disse no início desta memória vencida a tarefa inicial e nada tendo acontecido de anormal, me acomodei à situação, releguei a legalização da minha primeiras carteira de motorista e me preparei para outras aventuras que, no decorrer dos próximos dias pretendo relatar.