A lua, sem pensar nos ditames ora vigentes de silhueta dava-nos mostras de total felicidade mostrando, para quem quisesse ver, sua total e gorda imagem alva.
Cada vez mais linda, espargia por sobre a terra seus raios cintilantes, que por sua vez, ascendiam milhares de estrelas que, acesas, davam a impressão de que de um instante para outro uma nuvem de pequenos e reluzentes pirilampos nos envolveria e nos carregaria para o infinito.
O mar, por sua vez, cantava melancólica melodia enquanto fazia com que suas pequenas marolas, em desumana delicadeza, viessem beijar as areias junto a nos e, depois desse beijo afetuoso, possuía a areia, penetrando-a suave e calmamente, num ato sexual perene.
Os coqueiros coroavam a paisagem com seus altos e esguios troncos e serviam de instrumento para que a brisa leve, ao passar por entre suas folhagens, executasse melodia nunca dantes ouvida, dando-nos a impressão que os anjos, inebriados pela emoção, desceriam do alto das nuvens, em coro divino, cantassem uma canção de amor.
Estáticos, contemplávamos toda essa maravilha.
Senti, então, uma vontade incontida de abraça-la ainda mais forte e beija-la num beijo longo para selar esse momento de inegável singeleza.
Pensei e pratiquei. Abraçando-a com másculo vigor, beijei-a,
com sofreguidão.
Ela, demonstrando, também, todo envolvimento retribuía meus beijos e abraços com toda a volúpia características de amantes enlevados.
Foi uma seqüência de beijos nunca dantes por mim experimentados.
Nossos corpos, quase que fundidos, num certo momento, não mais obedeceram aos limites da razão.
Vencidas as resistências, libertaram-se os desejos, deixamo-nos cair por sobre a areia da praia e nos entregamos aos prazeres, sem pudor nem ressentimentos. Livres, leves e soltos.
Em ânsia incontida tirei suas roupas, buscando não só o prazer de vê-la desnuda, mas também desejando mostrar aquela magistral beleza e, por um momento, fazer inveja à lua que ali estava a iluminar nossa cena de amor.
Minhas roupas, igualmente arrancadas por ela, numa vertiginosa volúpia, jaziam inertes sobre as suas, sugerindo-nos um definitivo acordo de posse e prazer.
Beijei-a mais ainda, beijei todo o seu corpo da testa coroada por gotículas multicoloridas de suor, aos pés distanciados de forma a mostrar, entreaberta, suprema catedral do amor, onde incontinente fui rezar.
Ela tremia e se contorcia de prazer, molhada de desejos, volteou seu corpo e, subjugando-me, deu inicio a uma serie de beijos incríveis e deliciosos.
Foi beijando e descendo até que, sem sentir qualquer resistência, beijou de forma fantástica e sensual o alvo de suas intenções.
Foi tanta a emoção e tesão que não resisti, meu gozo foi total e tão absoluto que ela, sentindo o meu prazer, gozou também.
Ainda gemendo e dizendo palavras desconexas, ela deitou-se e se ofereceu com tal intensidade que eu, não consegui sequer tomar fôlego.
A possui de forma quase animalesca, nossos corpos, em dança coreografada pelo sexo, foram em poucos minutos, do ate o maior grau de prazer rolamos areia afora, lambuzados de prazer.
Exauridos, permanecemos prostrados e só nos apercebemos da hora quando a lua, ainda satisfeita cedeu seu lugar no firmamento a um sol radiante.
Tão radiante quanto o ato sexual por nos vivido.
Hoje, vejo a mesma lua, o mesmo mar, as mesmas estrelas, o mesmo coqueiro, e nada mais me emociona por que não a tenho ao meu lado.
Vivo das lembranças e das saudades.