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O rabisco postado a seguir é fruto dos meus devaneios e foi editado,também, no site do poeta Lima Coelho. Ele vem provar que minha memória, às vezes, tem lampejos e se faz presente de forma correta.
EPISODIO BAIANO
Sem saber como, ele se viu novamente na praça em que dias atrás episódio havia presenciado um espetáculo inusitado e muito estimulante.
Ele era um tanto quanto sisudo. Tinha o semblante de um homem com cinqüenta e poucos anos bem vividos.
Não aparentava, por seus trajes, ser um tradicionalista convicto. Vestia um terno desses tecidos leves de agora, de cor cinza clara e uma camisa de cor azul marinho escuro. Não usava gravata. Os acessórios que usava (meias, sapatos e cinto) eram discretos, na cor preta.
Correu o olhar por toda a praça, parando, propositalmente, no grupo de baianas que preparavam, com alegria e desvelo, seus quitutes, que logo mais seriam degustados por uma assídua e fiel clientela.
Na primeira passada de olhos não encontrou o que procurava, na segunda vez, um tanto mais investigativa, achou.
Era ela, tinha certeza. Era ela que dois dias antes havia dado um espetáculo de magia e sinuosidades.
Reparou melhor e percebeu que era uma linda e sestrosa negra. Tinha olhos espertos, lábios insinuantes de tanta umidade e brilho, e um corpo, ah um corpo simplesmente correto e tentador.
Memorizou então, o aludido episodio que o levara sem perceber, a voltar até lá.
Viu o grupo era mais ou menos o mesmo, a baiana estava no centro da roda que se formara pelos demais elementos do grupo de quituteiras. Discutia com uma delas. A discussão foi cada vez mais tomando corpo. E os expectadores vibravam com aquela cena, sem ao menos saber o porquê daquela discussão acirrada. E a multidão se alastrava e as perguntas ficavam sem respostas.
Todos ao mesmo tempo queriam saber o porquê daquela desmesurada.
Só um bom matemático podia entender o que levou aquelas baianas a entrarem em guerra disputando por um sinal maior.
A negra, que já requisitava toda a sua atenção, isolou-se das demais e tomando o centro da roda que se formara iniciou um giro de 360o. sobre o eixo de seu corpo. Esse giro foi cada vez tornando-se mais rápido. A negra girava, as saias rodavam e a rodeavam qual balão iluminado em festa junina. As saias rodavam, rodavam e foram subindo, mostrando por debaixo delas uma calçola branca e rendada.
Seus olhos, sem se fecharem viam a cena e por uma força que não sabia de onde vinha, começaram a despir aquela negra, iniciando pela tal calçola e mostrando com toda a sensualidade de duas pernas negras e sinuosas.
Eram pernas demasiadamente lindas, canelas finas e bem desenhadas que subiam de forma harmoniosa ate os joelhos, arredondados e simetricamente perfeitos para sustentarem sobre si duas coxas maravilhosamente grandes e aconchegantes que, mercê de suas qualidades, ostentavam, ainda, ao seu final, uma graciosa e bem cuidada coroa de pentelhos negros e encaracolados, que mais pareciam guardiões uniformizados de um vale que abrigava uma deliciosa e rubra catedral de amores e perdições.
E ele atônito só observava e se imaginava entrando naquela roda e retira-la de lá, ficava só a indagar será que a briga foi por causa das pernas que calçola ocultava? Ou será que foi por causa de ponto de acarajés? A incógnita ficava no ar. A luta chegava ao final, cansadas do bate boca e puxões de cabelo tentavam se refazer e ele só de cá a espionar.
Ansioso aguardava o horário de a sua pretendente encerrar os seus afazeres para que ele pudesse acompanhá-la numa tentativa bastante sutil se aproximar e falar do seu encantamento por ela.
Cada passada da formosa baiana era como se o coração dele estivesse escancarando para recebê-la.
E ele quando olhava para ela seus olhos insistiam em abandonar o seu corpo como se quisesse pular em seus braços. As batidas aceleravam passo a passo, se imaginava possuindo-a tal era a sensação do seu corpo.
O acaso e a persistência também estavam ajudando-o. Sem perceber adiantou as passadas e emparelhou com ela, trocaram olhares maliciosos e se cumprimentaram, prontamente, eles se ofereceu para ajudá-la, com as sacolas pesadas dos quitutes que sobraram.
Ela sem contestar não se fez de rogada, aceitou e agradeceu. As perguntas foram demonstrando atitudes.
-E aí, está calor não é mesmo?
-Sim! Mormaço que abafa e aperta o coração. Aproveitando o ensejo ele a convidou. Que tal algo gelado para aliviar a sede? Ela aceitou, mais do que ninguém, sabia como era importante aquela bebida para relaxar do dia que tivera e do que acontecera.
Assunto não faltava, mas o desejo dele era passar por cima das histórias e se preparava para dar o seu último lance para ganhar aquele coração.
Estava ficando impaciente querendo aquela baiana a qualquer custo.
Abriu os olhos que, sem motivos, tinham ficado cerrados por tempo inimaginável.
Caiu na realidade, acabava de sair de uma visão , de um transe abrasador...
Os dias se passaram e a baiana continuava arrancar suspiros daquele homem misterioso e de outros tantos que por ela passasse e assim seguia com seus feitiços na conquista dos corações desamparados.
Miguel,
ResponderExcluira vida é isso, um mesclar de sonho e realidade. Muitos sonhos invadem a realidade, e muitas realidades são sobreviventes dos sonhos!
Viver, sonhar, buscar, acreditar, amar!!
Bjãozinho.
Eu acho que li o texto no blog antigo, não foi??? Migo, minha memória tem me traído...rsrs
ResponderExcluirPaixão, erotismo, sensualidade, sonhos, realidades, devaneios, tudo isso compõem o belíssimo texto, que vc sabe fazer tão bem.
Tomara que o Homem, nunca esqueça que sonhar é possível, mas que a realidade, é impossível viver sem ela.
Beijos e carinho, Miguelito!
Miguelito.
ResponderExcluirMuito boa a sua prosa de hj, mesclar realidade e sonho c tanta maestria é para poucos. Adorei a sutileza de cd detalhe, viajei de olhos abertos para cd cena q foi se revelando surpreendentemente intensa.
Beijos Poéticos.
;**
Miguel,
ResponderExcluirdeliciosa a sua narrativa! Fui lendo, lendo, saboreando as palavras, ansiosa pra saber o desenlace da história. E... como sempre vc surpreende. A magia te acompanha, tua parceira de todas as horas. Beijos saborosos
Oi, voltei,
ResponderExcluiresqueci de dizer que vc é o meu blogueiro favorito! Sou tua fãzona! beijos de novo
O que a baiana tem não posso dizer, mas posso dizer que esta brejeirice sensual do seu conto dá uma vontade de ir para uma rede...rsssss...
ResponderExcluirBeijo querido
Eita, Miguel! Velho amigo!
ResponderExcluirDepois de inventar o "humorótico" ninguém mais te segura! Esse sonho tão bem estruturado, com a pitada certa de humor e o componente erótico da deliciosa baiana é um gostoso descanso para os olhos e a mente.
Grande abraço deste amigo velho.
Miguel,
ResponderExcluirMesclar realidade e sonhos talvez seja a receita de que todos necessitamos para viver sem medo de ser feliz!
Ah, Tem um presente pra vc no Ponto!
E estive observando, meu sobrenome está trocado ali nos seus links.. é Karine Leão...risos
Beijo Karinhoso,
Ká
Miguelito de minhalma, vc é ótimo pra descrever as coisas: não consegui evitar de imaginar a pentelhada da moça kkkkkkkkkkkkkkkk :-| Mas eu queria um final diferente, ó: ou um final feliz ou a negraça dando um pontapé na bunda do gajo. Ah, sei lá, tô meio rebelde... rs
ResponderExcluirBjo, querido Miguelito! :-D
Eita! Que me lembrei do mestre Jorge Amado! Que texto saboroso, "deleitoso", cheio de sensualismo e calor! Muito bem escrito! Miguel, você é genial nas descrições dos dotes femininos!
ResponderExcluirEu amei essa escrita...
Beijos estalados!
Dora
Hummmmmmm,
ResponderExcluirvocê e seu jeito especial de entrar nas nuances do feminino. Gosto tanto de vir aqui que até coloquei um pedacinho desse espaço lá no meu florescer. Espero que goste.
Beijos