4.10.08

Sábado modorrento, chuvoso, desencantador. Eu sem nada para fazer, buscando algo para me entreter resolvi remexer no baú dos guardados. Sem uma ideia clara do que buscar, comecei a busca. De repente, não mais que de repente, do fundo de uma pasta de papeis velhos, salta uma folha de papel sulfite amarelada e toda amarfanhada. Desdobro-a com cuidado e me deparo com uma série de palavras dactilografadas. Leio o titulo "Ode ao Poeta" e nada me lembro sobre o mesmo, logo abaixo do titulo leio o nome dos autores M.Chammas e J.C.Navarro e, como num passe da magica a memoria vai lá pra 1965 e me lembra que esta é a letra de uma marcha-rancho de criamos para tentar concorrer no festival da Record, tendo como antagonistas nomes como Chico Buarque de Holanda, Edu Lobo, Vandré, Jair Rodrigues e outros que tais. Não posso negar, éramos atrevidos. A melodia eu não posso reproduzir mas a letra, composta para uma voz solista e um coro de varias vozes, transcrevo neste blog para confirmar minha audácia. ODE AO POETA Coro: Poeta teu verso é fraco, p’ra cantar toda a tristeza que existe em teu coração. Poeta teu verso é bruto P’ra cantar toda a beleza, p’ra cantar toda a alegria, p’ra cantar a solidão. poeta p’ra poesia, teu verso não serve não. Poeta: Minha mensagem, é de carinho e amor e não existem palavras que exprimam seu calor. Canto a beleza, canto toda a natureza. Canto o homem que faz toda uma guerra por paz. Canto a vida e a morte canto o Sul e o Norte canto o espinho e a flor canto sem ser cantador. Coro: Poeta teu verso é triste. P’ra cantar a natureza falta-lhe a inspiração. Poeta teu verso é pobre, p’ra cantar toda a riqueza, p’ra cantar a juventude, p’ra cantar o mar e o chão, deste torrão bom e nobre. Poeta p’ra poesia, teu verso não serve não. Poeta: Minha mensagem é só p’ra quem quer ouvir, é só p’ra quem quer saber, é só pra quem quer sentir. Canto e descanto, não tenho medo, afirmo, o meu verso é minha arma, e continuarei a lutar, cantando meu verso triste, mesmo sem saber cantar...

9 comentários:

  1. Parceiro querido!

    Ebaaa! primeirona! Que versos bonitos. Adoro suas poesias, seus contos, crus mas autênticos, suas escritas, seus rabiscos, que nada tem de rabiscos! São esculturas da literadura, com um lirismo encantador! Te gosto muito! Beijos cheios de carinho

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  2. Olá Miguel...
    Saudade grande. Mas, adorei poder ouvir sua voz ao telefone. Seria bom, tb, poder ouví-lo cantar esta marcha rancho.
    Quem sabe, um dia, eu mesma possa cantá-la para vc. Vc sabe que eu adoro cantar e que, até, já cantei em barzinho? Pois é!
    Mas, deixo minhas lembranças para depois e retorno às suas lembranças. Foi bom esta tarde de chuva e de arrumações em seus "alfarrábios" pq, assim, vc pôde encontrar esta letra de música, um verdadeiro poema que, tenho certeza, agradará a todos que a ler.
    Parabéns, amado!
    Muita paz!!!
    Beijosssssssss

    Sonia

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  3. Pô, Miguel, acho que dava pé, tem tudo a ver com as músicas daqueles tempos. A MPB perdeu um grande compositor.
    Um abraço.

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  4. PS: dia destes remexendo meus guardados também encontrei uns textos antigos. Contos, para ser mais específico. Infelizmente, são impublicáveis - pornografia em estado bruto, hehehe...

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  5. Eita, Miguel...
    não sei se li cantando, ou se cantei lendo...
    Que lindo!
    Isso que dizer, traduzindo, que você encanta "faz muito tempo"...
    Teu talento ja trazia em 1965, as prioridades da vida em poesia:
    ouvir, saber, sentir!!
    Agora,
    está confirmado,
    teu talento nato!!!!!!
    Beijãozinho. Saudades. Carinho. (Aninha!!)

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  6. Miguel, velho amigo do peito!

    E que venham outras tardes modorrentas, que te façam remexer nesse baú de guardados que, sempre, nos traz surpresas bastante agradáveis. Como esta marcha-rancho que teria tudo a ver com todas as demais composições apresentadas naquela época. Talvez, na voz do "Poeta" Chico ela fosse hoje uma das jóias da nossa MPB.
    Abração, amigo!

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  7. Miguelito, pela primeira vez eu consedgui captar a mensagem de um poeta... rs. Muito lindo, querido! Ficou só a dúvida: chegaram a mandar pro festival? :-| Pelo visto, não - senão com certeza há muito estaria na boca e no coração do povo ;-) Bjooooooooooo

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  8. Muito legal a composição, Miguel. O coro a desanimar "o verso do poeta" e o poeta a querer anunciar sua mensagem, sem medo da luta!
    Ficou bem no estilo das canções dos festivais do meu tempo de jovem( pelos idos dos festivais da Record...pronto! rs).
    Por que não enviou para o concurso? E agora como eu canto, se não sei a melodia? Posso inventar uma? rs
    Boniteza, amigo!
    Beijos, beijos.
    Dora

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  9. Muito bom , muito bom, volto aqui para me inspirar. Tenha uma boa tarde.
    Abraços.
    Maurizio

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vamos prosear ou poetar?