20.1.09

IMORTALIDADE Ser imortal é um desejo inerente de todo animal racional, ou pelo menos, aparentemente racional. Eu, também, me incluo neste rol. Poder viver sem a foice da morte sobre minha cabeça foi sempre um sonho, embora minha consciência me dissesse ser, simplesmente, mais um sonho impossível. Hoje, num momento de racionalidade, me achei novamente pensando sobre o tema. Lembrei-me que desde tenra idade comecei a escrever para, através de escritos de minha lavra, me tornar “imortal” como tantos autores nacionais e estrangeiros que já conhecia. Essa tentativa se alongou por todos os meus anos de vida e, até hoje, a imortalidade não vingou. Outra tentativa de obter a imortalidade foi através do amor. Pratiquei o amor também, quando mais moço, de formas abrasadoras, constantes e múltiplas e nada. Depois, mais tranqüilo, tentei um relacionamento estável, me apaixonei de verdade, pela primeira vez. Essa paixão me levou ao casamento e eu pensei que estava na estrada certa para a tão buscada imortalidade. Abri mão de todos os prazeres mundanos, ou melhor, quase todos, apenas uns poucos restaram na tentativa de temperar melhor os dias da minha existência e, mesmo assim a imortalidade não se apresentou. Busquei a imortalização através das artes, trabalhei em Rádios, TVs, Circos, Teatro e, quase consegui morrer de fome e matar minha família junto, mas a imortalidade nem passou perto. Plantei uma, ou melhor, várias arvores e, continuei, assim mesmo, um reles mortal. Dediquei-me, de corpo e alma, na carreira profissional. Coloquei de lado até meu convívio familiar na tentativa de alcança mais rapidamente o sucesso e, lógico, a imortalidade. Tudo em vão. Sucesso profissional consegui, no auge da carreira, tentei perpetuar minha imortalidade, criando um prolongamento profissional e ao contrario do pretendido, vi chegarem cada vez mais, as cobranças para provar que meus credores não estavam preocupados com minha imortalidade e sim com o recebimento dos seus créditos. Para meu consolo, avocava a possibilidade de meus descendentes diretos propagassem meu ramo familiar, imortalizando o nome que eu sustentava, .tão carinhosamente, e que estava se propagando através de anos desde a velha e distante Síria. Infelizmente, tal possibilidade foi se distanciando cada vez mais. Da minha união nasceram 4 filhos, 3 mulheres e 1 mancebo. As filhas, casaram e assumiram um novo ramo familiar. O mancebo, estou desacreditando, cada vez mais, que venha um neto varão., De casamento ele quer distancia. O que dirá de filhos? Assim, a família Chammas vai se extinguir, possivelmente, nesta geração, pois do me irmão o único filho homem já está casado, é pai de uma menina e fechou a produtora. Efetivamente, a imortalidade da família é coisa relegada ao esquecimento. Não tem chances de acontecer.. Continuo meu exercício de raciocínio e, pronto, eis que encontro a solução, ou melhor, eis que percebo que o problema já estava resolvido. O filho do “seu” Alfredo e da dona Tereza, já não mais precisava se preocupar. Tanto fizera que ganhara a imortalidade. Por nada mais ter de bens materiais, por nada mais restar do saldo bancário, por não ter mais onde se esconder dos credores, enfim, POR NÃO TER ONDE CAIR MORTO, EU ME TORNEI UM IMORTAL.... Assunto encerrado!