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MEDITAÇÕES MEDITABUNDAS ou QUANDO A VONTADE C HEGA E A INSPIRAÇÃO SE ATRAZA, O MELHOR É ESCREVER SOBRE O NADA SUBSTANCIOSO SEM SE PREOCUPAR COM A SUBSTÂNCIA DO NADA.
Tem dias que de noite é assim mesmo. Hoje amanheci num desses dias. Nada me satisfaz, mas ao mesmo tempo, estou satisfeito com tudo.
Tão satisfeito que me lembrei de um causo que minha sogra contava sobre minha “exposa” quando ainda criancinha. Ela, depois de uma farta refeição, perguntada se desejaria repetir, toda imponente respondia: - Não obrigada. Estou com o satisfeito cheio.
Pois é, eu hoje estou assim, com o satisfeito cheio.
Babando para escrever um texto de, ao mesmo tempo, me considerando incapaz de rabiscar uma única linha.
Tentei me animar, disse para mim mesmo que sou um velho prá lá de bacana. Que sou um cronista de linhas fartas e temas profundos. Que sou um poeta de rimas fáceis e inspiradas. Sou mesmo irresistível.
Mas qual, a inspiração não chega e o relógio corre ao marcar as horas.
Chamo-me a brios. Seu pulha trate de esquecer essas baboseiras escreve. Escreve sobre seu passado, seu presente ou seu futuro, então pondero, meu passado é tão antigo e tão comum que a ninguém iria fazer interesse. Meu presente é tão aberto que todos já se fartaram de ler ou ouvir e, meu futuro...
Futuro? Que grande futuro pode se esperar de um sorumbático velho septuagenário?
Não, decididamente esses não seriam temas interessantes.
É “seu” Miguel rapadura é doce, mas não é mole não!
Ops, taí.
Por que não recorrer aos velhos deitados? Ou melhor, aos velhos ditados?
Quem sabe eu aproveite para falar que “o pior cego é aquele que não quer
ver, ou será, leitor é aquele que pensa ser cego?
O campo dos ditados e adágios é farto, resolvo selecionar alguns para me inspirar:
“ “Quem com ferro fere, com ferro será ferido, ou, quem confere o ferro, com ferro será conferido”.
“ Depois da tempestade vem a bonança, ou será, Depois do comercial vem o Bonanzza” (para maiores de 50 anos);
“Os cães ladram e a caravana passa, ou, passa caravana depois de dar belos ossos para os cães”;
Quem tudo quer nada tem ou, ainda, quem tudo keds nada tênis;
“Quem tem boca vai a Roma, ou então, Quem tem broca vai e arruma...”;
“Quem não tem cão caça com gato, mas pode ser, "Quem não tem pão come com garfo”;
Finalmente: “Antes só do que mal acompanhado, ou será Antes Sonkssen do que Kopenhageen”.
Finalmente, desiludido com a falta de profundidade dos meus escritos, lembrei-me da citação que diz: “Ninguém é perfeito”.
Fui além na dedução, conclui que depois disso tudo o NINGUÉM sou eu.
Logo, se eu sou Ninguém, então sou PERFEITO!
Bem, não saiu texto algum. Linguiça cheia de bobagens, lá vou eu, seguindo meu caminho, sem lenço e sem documento, como se Gaetano Velhoso eu fosse...
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