MEDITANDO UTILIDADE.............
Hoje me peguei sorumbático, a meditar sobre o assunto utilidade.
O verbete de conformidade com o Aurélio é um substantivo feminino, gerado do latim “utilitate”, e quer dizer qualidade de útil, serventia, vantagem, proveito, lucro, pessoa ou coisa útil, capacidade de um bem satisfazer pessoas ou desejos humanos, utensílio.
Como pude ver, a abrangência desse substantivo é grande.
Passei, então, a tentar aplicá-lo, nas suas várias simbologias, à minha pessoa, no intuito de me distrair ou, ainda, desviar o pensamento para os motivos saudosos que teimam povoar minha mente e dar trabalho aos poucos neurônios que ainda a povoam.
Primeiro pensei, como aplicar um substantivo feminino num cabra macho e totalmente definido como heterossexual?
Impossível, conclui, e abandonei a idéia.
Tentar usá-lo qualitativamente seria também inútil.
Que qualidades úteis teria um velho caquético e quase esclerosado?
Nessas condições um individuo não tem qualquer serventia, não permite qualquer vantagem, proveito ou lucro.
Antigamente, um velho tinha de seus descendentes, todo respeito possível. Era ouvido e respeitado por toda a sua vivencia e experiência acumulada ao logo de sua existência.
Aprendi isso na minha infância e pratiquei o conhecimento durante todos a minha vida. Hoje tenho o desprazer em perceber que nem aqueles a quem eu tentei transferir esses princípios de vida o praticam como eu desejaria.
Meus descendentes diretos e suas respectivas proles nem comigo agem dessa forma. Às vezes tenho a impressão de ter sido esquecido, ou melhor, ter sido banido de suas vidas.
Se, saudoso, eu os procuro, sou recebido com carinho e afeto, porém finda o breve contato, quando de retorno ao meu habitat eles, de pronto, me recolocam no lugar devido, que é um velho e amarelado álbum de recordações, onde devo ficar até que de novo, desejoso de matar minhas saudades, volte a fazer contato e procurá-los.
Reiniciando as minhas conjecturas lembro que uma das qualificações ao verbete era “pessoa ou coisa útil, capacidade de bem satisfazer pessoas ou desejos humanos”. Estanco os pensamentos, repenso sobre o lido e abro um sorriso maroto de satisfação, enfim havia chegado à possibilidade de poder aplicar, de forma correta e satisfatória o termo utilidade.
Eu, vivendo inicio da minha sétima década tive a felicidade de ver entrar no caminho minha existência uma mulher que, ao contrario de tudo que já me havia acontecido, chegou para me acarinhar, respeitar, amar e paparicar.
Para fazer meus últimos tempos neste plano mais agradáveis, para fazer de mim um velho menos azedo.
Então, concluindo minhas divagações metafísicas, defino que “utilidade” é, nada mais nada menos, do que uma mulher chamada SONIA!
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