O MAIOR CLÁSSICO DO SÉCULO XX
Sou um aficionado pelo esporte bretão. Já fui, até, fanático pelo futebol e por meu time do coração, a Sociedade Esportiva Palmeiras.
Acompanhei o time, nas décadas de 50/60, por muitos jogos e muitas praças esportivas, principalmente os que foram realizados no Estádio Municipal do Pacaembu, ou seja, Estádio Paulo Machado de Carvalho.
Naqueles tempos, as torcidas se respeitavam e respeitavam o futebol. Assim, não se faziam necessárias as medidas de segurança que hoje são praticadas, diga-se de
passagem, sem muito sucesso.
Os torcedores compravam seus bilhetes nas mesmas bilheterias, entravam no estádio pelas mesmas catracas (borboletas como se dizia à época), e sentavam nos seus lugares favoritos, se ainda estivessem vagos.
As gerais do Pacaembu eram formadas por altos degraus de concreto armado onde o torcedor sentava sem poder contar com qualquer tipo de encosto para suas costas a não ser as pernas do torcedor que estivesse sentado no degrau superior ao seu.
As preocupações do torcedor, de um modo geral, eram: saber a escalação do seu time, comprar e comer amendoins torrados que eram vendidos em canudinhos de papel que, por sua vez, depois de vazios eram arremessados sobre os torcedores abaixo de suas posições como se fossem inofensivos dardos, comprar e se deliciar com os sorvetes Chicabom ou com os refrigerantes e cervejas que eram servidos em copos descartáveis depois que ocorreu a grande guerra das garrafas entre as torcidas do Corinthians e do São Paulo.
Eram outros tempos e, por sinal ótimos.
Foi no final dos anos 50, mais precisamente no dia 7 de março de 1958 que, no gramado do Pacaembu aconteceu o maior embate futebolístico de todos os tempos.
Um jogo fantástico, repleto de emoções, onde ao seu final, vencedores e perdedores foram embora felizes com o espetáculo assistido
Nessa noite, Palmeiras e Santos, foram os disputantes. O técnico Oswaldo Brandão escalou o Palmeiras com a seguinte formação: Edgar (Victor), Edson e Dema; Waldemar Carabina, Valdemar Fiume e Formiga (Maurinho); Paulinho, Nardo (Caraballo), Mazzolla, Ivan e Urias.
O Santos, do técnico Lula, entrou com a seguinte escalação: Manga, Hélvio e Dalmo; Fioti, Ramiro (Urubatão) e Zito; Dorval, Jair, Pagão (Afonsinho), Pelé e Pepe.
Para apitar o prélio foi escalado o árbrito João Etzel Filho.
Aos 18 minutos do primeiro tempo o Palmeiras abriu o placar com um gol de Urias; Pelé empatou o jogo aos 21 minutos do 1º. Tempo; aos 25 minutos Pagão virou o placar e Nardo empatou novamente aos 26 minutos, depois Dorval aos 32, Pepe aos 38 e Pagão aos 46 minutos, colocaram o Santos em estrondosa vantagem, o placar era de 5 x 2 para o Santos.
Eu, quando cheguei, não havia conseguido lugar\para sentar e fui me acomodar quase sem jeito, pendurado na estátua de David, de onde, resignado e muito contragosto, amargava aquela derrota.
Veio o segundo tempo, Paulinho, aos 16 minutos, Mazzolla aos 19 e aos 27 minutos e Urias aos 34 minutos viraram o placar\e colocaram o Palmeiras na frente do placar, depois, Pepe aos 38 e 41 minutos deu os números finais ao jogaço, 7 x 6 para o Santos.
Esse placar coroou o espetáculo onde o Palmeiras, com um time ainda em formação, entremeado por craques e pernas-de-pau, lutou de igual com o timaço do Santos que alem de Pelé & Cia. Tinha nas suas fileiras um dos maiores ídolos alviverdes, o velho e querido craque Jair da Rosa Pinto.
Entre os nomes que abrilhantaram esse espetáculo, Manga, Hélvio Piteira, Fioti, Pagão, Lula, Valdemar Fiume, Urias, Oswaldo Brandão e João Etzel Filho, já nos deixaram e estão praticando o esporte bretão no andar de cima.
Foi um jogo que deixou saudades!
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