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OLHARES
Já faz muito tempo que ela foi se aproximando de mim.
Foi chegando como quem nada quer, se fazendo notar devagarzinho, toda delicada, parecendo inofensiva.
Eu, a principio, não reparei nela.
Depois com o passar dos dias, ou melhor, meses, fui percebendo que ela se fazia cada vez mais presente, mais insidiosa, mais envolvente.
Não fiz nada para evitar sua presença, quando comecei a ficar incomodado com ela tentei me livrar e, então, percebi que naquele momento nada seria possível ser feito para dela ficar livre.
Já era muito tarde. Ela já fazia parte de minha existência e eu teria que aceita-la e com ela conviver
E ela foi ficando. Se instalando cada vez mais, usando e abusando daquela hospitalidade obrigatória.
Dia após dia, mês após mês, a convivência de inicio pacifica foi ficando mais desgastada, a minha vontade de extirpá-la da minha vida cada vez mais acentuada e, por parte dela, a indiferença dos meus sentimentos.
Teve vezes em que resignado, tentei compreender suas atitudes e seus malefícios. Nunca consegui, apenas sabia que um dia, sem duvida alguma, ela seria vencida e eu estaria livre do seu jugo.
O duro era ter de esperar por esse dia.
A cada ano minhas tentativas de liberdade voltavam com vigor e, a cada ano as frustrações eram repetidas. Ela continuava ativa e indiferente aos meus desejos de libertação.
O ano de 2009 já estava no seu segundo semestre quando, mais uma vez, irritado com os danos daquela maligna permanência, voltei a buscar meios de
livrar-me, de terminar com o jugo daquela maligna presença.
O semestre terminou e mais uma vez vi frustradas as minhas investidas.
Não desisti, no início de 2010 fui à carga novamente, mexi aqui, cutuquei ali, revirei acolá e os resultados foram sendo não tão adversos.
Finalmente, pensei, o reinado daquela ditadora estava chegando ao fim.
Ela teimou em ficar, resistiu bravamente a todas as minhas tentativas e ainda resistiu por 3 longos e frustrantes meses.
Eis que, antes do termino de Abril, as chances se mostraram plenas de resultados positivos e eu, no dia 22 deste mês, depois de 3 novas postergações, deitei-me numa maca do “Instituto Suel Abujanra” e depois de 30 longos minutos me vi livre daquela maldita catarata que tan to me atrapalhava a visão.
Agora, visão totalmente recuperada, volto a ativa e desejoso de escrever muito.
Me aguardem!
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