INFERNALIDADE
Embora estivesse consciente que os meses de abril, maio e junho de cada ano compreendiam o período definido como início, meio e fim do meu inferno astral, visto que sou aniversariante no ultimo decanato do mês de Maio. Inferno esse que para a Soninha não existe, é apenas uma coisa ruim que colocam na cabeça da gente, (sem maiores conotações com os aparatos ósseos existentes na fronte dos exemplares bovinos).
Estava tranqüilo, a vida se me apresentava linda e cheia de paz, aguardava com certa ansiedade a extirpação de uma catarata na vista esquerda que já me causava enorme incomodo, essa cirurgia havia sido marcada e desmarcada um zilhão de vezes, agora já cumpridas todas as exigências medicas, ela havia sido marcada para o dia 22 de abril. Ledo engano, dia 22 era, exatamente, um dia após o feriado de 21 de abril que, neste ano de 2010, caia numa quinta-feira. Lógico, dia 22 sendo sexta-feira não permitiria a presença de médicos para realizar o delicado ato cirúrgico. Novo adiamento, desta vez mais rápido, dia 26 de abril foi escolhido para essa intervenção medica.
Eis que, se não quando, na madrugada do dia 19 de abril, sou acometido por um enorme mal estar, tremores fortes e contínuos tomaram conta de meu pobre organismo. Nada fazia com que esses tremeliques tivessem fim.
Mantas e cobertores foram colocados pela minha fiel escudeira e nada de uma solução para o mal que havia me assolado.
Velho e teimoso (condições das quais não abro mão), relutei em buscar ajuda medica, mesmo por que lembrava estará uma semana da minha tão esperada cirurgia da catarata e temia ver a mesma mais uma vez adiada. Resisti bravamente. Tentei de todas as formas, não lembrar que a baixada santista, onde resido, estava envolta numa onda epidêmica de dengue. Não foi possível, no final do dia, não sentindo qualquer melhora, tomei a resolução de buscar ajuda medica. Liguei para a Sonia e combinei dela me esperar em Sampa e, juntos, irmos em busca de uma ajuda de urgência no meu Plano Médico (Ufa, colocado em dia, financeiramente, naquela semana).
Assim combinado, assim foi realizado. O doutor ouviu minhas queixas, concluiu pela necessidade de solicitar exames laboratoriais para diagnosticar um possível caso de dengue (tomara que não seja a hemorrágica, rezava eu). Executadas as coletas de sangue e urina, ficamos à mercê dos resultados que, por sua vez, só chegaram no início da madrugada. Fomos chamados à frente do doutor para, enfim, ouvir a sentença médica.
Não é dengue! (ufa, aleluia) mas você está no meio de um processo infeccioso bacteriano. Vai precisar tomar uma serie de antibióticos.
Voltamos para casa. Uma coisa me incomodava, qual seria a infecção bacteriana que estava me prejudicando? Dia seguinte veio a resposta. Minha perna direita estava totalmente avermelhada, com febre bastante alta. Constatei que a infecção era a reincidência da mesma infecção que havia feito de minha perna uma pústula única quando do meu inesquecível AVC.
Ainda tinha um resíduo do antibiótico que me livrara daquela vez. Tomei a resolução de voltar a tomá-lo e, finalmente, vi a infecção regredir. Estava novamente apto a extirpar a minha catarata.
Mais uma etapa do meu inferno astral estava vencida. Outras com certeza, sabia, iriam surgir e eu tinha que ter forças ma delas me desvencilhar.
Problemas financeiros, familiares e profissionais, estão surgindo e sendo vencidos. Rezo diariamente para Maio terminar, e Junho enfim surgir e me permitir sobreviver mais essa fase infernetica.
Se sobreviver a ela, contarei a aventura em novos textos. Vamos aguardar.
|