Eu não pretendia voltar ao assunto em respeito aos meus leitores de apetite mais afoite e a outros leitores demasiadamente adeptos a uma festança, porem, instado demasiadamente por uma centena de leitores (né Ana Lucia?), decidi voltar ao assunto e prestar meu sincero depoimento sobre a festança que participe no ultimo dia 1º. de Agosto no meu tradicional bairro do Bixiga. Então, vamos ao relato: EVENTO: Inauguração da 83ª. Festa de N. S. ACHIROPITTA, acontecida dia 1º. De Agosto de 2009. Conforme já narrado no texto anterior, euforicamente, me preparei para, voltar á festa depois de quase 50º anos de ausência. 50 anos? Nossa como passa o tempo e a gente nem percebe, me lembro que a ultima festa em que eu participei foi por volta de 1959, quando eu, solteirinho das silva, membro ativo dos Duques de Piu-Piu, após a sessão de domingo no Cine Rex, arrematei no leilão beneficente, em plena Rua 13 de Maio, 1 garrafa de vinho Sangue de Boi que foi imediatamente aberta e consumida. Então, como Bixiguento orgulhoso, veterano das quermesses da Igreja, fui comandando a nossa comitiva composta de 4 pessoas (eu, a Soninha, minha cunhada Claudia e a Kátia, filha da Soninha e, lógico, minha filha assumida). Fomos no carro luxento da Claudia. Ela ao volante e eu, como cicerone assumido, pensando conhecer tudo do que resta ainda do velho Bixiga. Quebrei a cara! A festa que me chegava à memória acontecia na Rua 13 de Maio entre as quadras da Rua Manoel Dutra / Rua Conselheiro Carrão, então tentei chegar perto da festa pela rua Dr. Luiz Barreto. Não deu, a muvuca estava por todos os lados, Dei a ordem de retorno para buscar nova alternativa, meu Deus que coisa horrível, todas as ruas estavam na contramão. Sofrendo a maior gozação das lindas senhoras que me acompanhavam, fui obrigado a fazer um tour bem mais longo, retornamos pela rua Marques Leão, entramos na rua Dr. Seng, Rua Silvia, Rua Itapeva, Rua Rocha (novamente) Praça 14 Bis e, finalmente, Rua Manoel Dutra, até um estacionamento mais próximo da Rua 13 de Maio. Carro estacionado nos dirigimos até a Cantina Oficial. A missão, dito assim parecia simples, o difícil foi vencer a multidão que imobilizava o transito na extensão da festa. Era um mar de gente impedindo o avanço de quem quer que fosse. Eu, coração apertadinho, olhava no rosto de todos na tentativa de achar velhos bixiguenses, amigos ou conhecidos de outrora e nada! Será que só eu havia subsistido à força do tempo? Depois de vários esbarrões, de vencer a massa humana que em fila ordenada aguardava a vez de comprar uma “fogazza”, chegamos ao salão principal ao lado da Igreja. Encontramos a amiga da Claudia que estava nos aguardando com os convites e entramos na Cantina. A festa era típica da italianada alegre que falava alto e gesticulava falando. Senti-me em casa mesmo não encontrando caras conhecidas. Achamos nossa mesa, depois de nos acomodarmos partimos para os finalmente. Claudia e Kátia foram para a fila da “bóia” no intuito de aliviar este convalescente da longa espera. Quando, finalmente, elas estavam próximas da grande mesa, nos avisaram e fomos eu e a Soninha para a fila também. A mesa posta para que os convivas se servissem estava, realmente, apetitosa. Meus olhos, famintos, pousaram sobre os imensos pratos de ante-pastos à base de berinjela (morinhana para os oriundis como eu) preparadas de várias formas. Servi-me de todas as variedades, pimentões também foram para o prato, as maioneses e saladas verdes foram por mim dispensadas, cheguei, então, na parte dos queijos e frios, Salaminho, queijos parmesão e provolone, eu apanhei de montão. Para concluir a mesa me servi de azeitonas pretas enormes e divinamente saborosas. Cheguei em frente a mamma que servia o pão italiano e as polentas fritas tive que voltar para mesa sem a polenta. Não venciam fritar os pedaços. Enfim, pratos astronomicamente recheados, fomos para nossa mesa e, nos fartamos de comer na companhia de 2 garrafas de Lambrusco geladerrimo, alguns refrigerantes e águas. Ah! as massas eram servidas diretamente nas mesas e com minha gula já mais do que saciada, abri mão de experimentar os iguarias. A alegria pairava no ar. A “Banda Felice Itália” enchia o ambiente com as canções napolitanas de todos os tempos, os grandes sucessos de Rita Pavone, Endrigo, e outros tantos cantantes italianos e de Tarantelas animadíssimas, nas lindas vozes de Paulo Walter Spartani e Ingrid Nagçieri. A pista de danças, totalmente lotada por alegres bailarinos que tinham ido para realmente se divertirem, pululava e palpitava acompanhada de inúmeros pandeirinhos acionados por todos os demais que não haviam conseguido chegar até a pista, mas queriam entrar no clima e participar das danças e da alegria. No intervalo das musicas, o Mestre de Cerimônias promovia os leilões das prendas e brindes oferecidos por cantinas do Bixiga (pizzas, pães italianos, pernas de cabrito e outros que tais) ou por patrocinadores da festança. Os convivas presentes, à certa altura da festa, foram agraciados por um show musical nas vozes dos 3 Tenores Brasileiros, Antonio Guido (Nino) Valsani. Armando Valsani e Francisco Romanelli, fizeram um espetáculo digno da festa. Vozes lindíssimas e musicas Maravilhosas. Minha cunhada Claudia, satisfeitíssima por ter ouvido e dançado a musica “nhamo, nhamo, nhamo” (para ela) e “Funiculi Funicolá” para o resto do mundo, por volta da ½, com medo de se transformar em abobora, deu o comando de retirada. Por estarmos de carona e dependendo dela concordamos e fomos embora. Foi maravilhosa a festa e meu retorno a ela delicioso e surpreendente. Recomendo a todos para que façam uma forcinha e passem uns instantes felizes naquele ambiente. Vale a pena!
|