24.3.10



MEDITAÇÕES MEDITABUNDAS ou QUANDO A VONTADE C HEGA E A INSPIRAÇÃO SE ATRAZA, O MELHOR É ESCREVER SOBRE O NADA SUBSTANCIOSO SEM SE PREOCUPAR COM A SUBSTÂNCIA DO NADA.







Tem dias que de noite é assim mesmo. Hoje amanheci num desses dias. Nada me satisfaz, mas ao mesmo tempo, estou satisfeito com tudo.


Tão satisfeito que me lembrei de um causo que minha sogra contava sobre minha “exposa” quando ainda criancinha. Ela, depois de uma farta refeição, perguntada se desejaria repetir, toda imponente respondia: - Não obrigada. Estou com o satisfeito cheio.


Pois é, eu hoje estou assim, com o satisfeito cheio.


Babando para escrever um texto de, ao mesmo tempo, me considerando incapaz de rabiscar uma única linha.


Tentei me animar, disse para mim mesmo que sou um velho prá lá de bacana. Que sou um cronista de linhas fartas e temas profundos. Que sou um poeta de rimas fáceis e inspiradas. Sou mesmo irresistível.


Mas qual, a inspiração não chega e o relógio corre ao marcar as horas.


Chamo-me a brios. Seu pulha trate de esquecer essas baboseiras escreve. Escreve sobre seu passado, seu presente ou seu futuro, então pondero, meu passado é tão antigo e tão comum que a ninguém iria fazer interesse. Meu presente é tão aberto que todos já se fartaram de ler ou ouvir e, meu futuro...


Futuro? Que grande futuro pode se esperar de um sorumbático velho septuagenário?


Não, decididamente esses não seriam temas interessantes.


É “seu” Miguel rapadura é doce, mas não é mole não!


Ops, taí.


Por que não recorrer aos velhos deitados? Ou melhor, aos velhos ditados?


Quem sabe eu aproveite para falar que “o pior cego é aquele que não quer


ver, ou será, leitor é aquele que pensa ser cego?


O campo dos ditados e adágios é farto, resolvo selecionar alguns para me inspirar:


“ “Quem com ferro fere, com ferro será ferido, ou, quem confere o ferro, com ferro será conferido”.


“ Depois da tempestade vem a bonança, ou será, Depois do comercial vem o Bonanzza” (para maiores de 50 anos);


“Os cães ladram e a caravana passa, ou, passa caravana depois de dar belos ossos para os cães”;


Quem tudo quer nada tem ou, ainda, quem tudo keds nada tênis;


“Quem tem boca vai a Roma, ou então, Quem tem broca vai e arruma...”;


“Quem não tem cão caça com gato, mas pode ser, "Quem não tem pão come com garfo”;


Finalmente: “Antes só do que mal acompanhado, ou será Antes Sonkssen do que Kopenhageen”.


Finalmente, desiludido com a falta de profundidade dos meus escritos, lembrei-me da citação que diz: “Ninguém é perfeito”.

Fui além na dedução, conclui que depois disso tudo o NINGUÉM sou eu.


Logo, se eu sou Ninguém, então sou PERFEITO!


Bem, não saiu texto algum. Linguiça cheia de bobagens, lá vou eu, seguindo meu caminho, sem lenço e sem documento, como se Gaetano Velhoso eu fosse...











11.3.10


PONTO DE EQUILÍBRIO


'''Ponto de equilíbrio''' (do inglês ''break-even-point''), é a denominação dada ao estudo, nas empresas, principalmente na área da contabilidade, onde o total das receitas é igual ao total das despesas. Neste ponto o resultado, ou lucro final, é igual a zero.”


Era assim que, há alguns anos atrás, eu treinava empresários e/ou funcionários em nível de chefia ou gerencia, que contratavam meus serviços de Consultor de O&M.


No princípio, sem os atuais recursos de informática, para aplicar os princípios desse artifício administrativo/financeiro, de conformidade com as sugestões do meu colega carioca Ivé, eu preparava mapas astronomicamente enormes, em papel vegetal, onde relacionava uma infinidade de títulos de despesas fixas e variáveis e colunas para cada um dos meses do exercício empresarial e, depois, mediante o assombro dos elementos para quem eram destinadas as informações, passava a treinar o funcionário que havia sido nomeado para operar o “monstrengo” do mapa


Depois vieram os novos tempos, os mapas foram transformados em planilhas, mas os treinamentos continuaram no mesmo prisma.


Hoje, entre caixas, caixinhas, caixotes, restos de coisas espalhadas pelo chão (prova inconteste da mudança que estava acontecendo), com o corpo úmido do suor que brotava dos meus poros em virtude do calor exagerado que nos assola e, por que não dizer, em virtude também do esforço por mim despendido na referida mudança, me lembrei dos antigos treinamentos e disse, bem baixinho, só para mim ouvir: “Calma Miguel, harmonize-se, procure seu ponto de equilíbrio...”.


Claro, depois de um período de clausura de mais de 10 anos, onde obedecia, apenas e tão somente, minhas vontades e desejos, estava eu, agora, iniciando uma nova era da minha existência.


Uma mulher, ou melhor, uma grande mulher, havia chegado e com toda sua impensada suavidade, tomara, de imediato, seu lugar em minha vida.


Já não me restava o direito de fazer ouvidos moucos aos reclamos da minha comadre e auxiliar doméstica. Agora, as duas, amada e comadre, conjuntamente juntas, dariam as cartas, iriam impor as regras, determinariam minhas atitudes.


Não me queixava naquele momento nem me queixarei doravante sobre a situação. Apenas estava constatando a realidade. Aliás muito boa.


E, para não causar constrangimentos ou pequenas rusgas no casamento, conclui que seria muito importante eu procurar zerar os custos anteriores, achar o ponto de equilíbrio e apurar os lucros vindouros, embora consciente de que esses lucros virão, sempre, acompanhados de custos vários.


Terei, inclusive, de ter a sabedoria aguçada para saber distinguir os “custos benefícios” daí advindos.


Está sendo ótimo aplicar conhecimentos profissionais na minha vida familiar.


Agora vou fechar o Caixa e usufruir dos lucros do dia representados por vários beijos e carinhos.