29.10.08

AMOR REDENTOR Miranda era um homem já vivido, alias muito bem vivido. Já havia festejado seus 60 e tantos anos. Era um homem saudável e expedito. Metido a rabiscador de rimas e estórias. Bailarino quero dizer, dançarino de 4 costados (o dançarino aprendi com ele depois de uma grande bronca ao ter chamado-o de bailarino.) Bailarino, disse, é aquele que dança em cima de um palco vestindo malha justa e sapatilhas de ponta. Dançarino, por sua vez, é aquele que abraça a dama e sai volteando com ela pelo salão dando passos floreados no ritmo da musica que esta tocando no momento. Essa definição eu nunca mais esquecera. Pois muito bem, Miranda estava numa fase da vida que já não temia a morte. Sabia que um dia ela viria, inevitavelmente, e queria viver intensamente até esse fatídico dia. Sofrera várias desilusões amorosas, assim não buscava encontrar outro amor. Ouvira muito dizer que sempre havia um chinelo para calçar um p; e descalço. Achava interessante essa teoria, mas nela não acreditava. Quem poderia se interessar por um homem já entrado na reta final da estrada da vida? Era certo que até um pouco de tempo atrás alimentara uma pequena ilusão de encontrar alguém, inscrevera-se em vários sites de relacionamento, tivera algumas oportunidades e os resultados foram absolutamente frustrantes. Abrira mão e se recusara a novas incursões no assunto. Continuava sua rotina de vida, trabalhava sempre que possível para poder manter sua independência pessoal. Dançava e se distraia, semanalmente, fazendo de suas noites de sextas-feiras e sábados as principais de cada semana. Nelas encontrava amigos, tomava suas cervejas, brincava, ria, dançava, enfim se divertia. O tempo ia passando, a vida continuava e nada lhe abalava. Um dia, sempre existe esse “um dia”, ao abrir seu computador, encontra uma mensagem. Le alguma coisa mais ou menos assim: - Vi seu perfil, reparei que gostas dançar. Gostaria de saber mais sobre você. Se estiver interessado escreva para etc. etc. e tal. A palavra dançar foi a chave para abrir seu interesse. Respondeu a mensagem e a esta resposta outras mensagens aconteceram de ambas as partes. Nada de comprometedor. Apenas a possibilidade de uma amizade e a promessa de ciceronear a amiga pelos salões de baile litorâneos. Pronto, estava ali iniciando um novo capitulo na vida de Miranda. Ele estava sendo promovido a protagonista de uma nova historia, onde a atriz principal era uma senhora de nome Solange. Eis que chega a hora da saída do virtual para a entrada no real. Dia e hora marcados, lá vão os dois para o conhecimento. Encontram-se, riem, conversam, já se mostram quase como velhos camaradas. O objetivo principal daquele encontro, o Baile, está chegando. No horário devido seguem para o salão. Solange é introduzida ao circulo de amizades de Miranda e com sua simpatia irradiante consegue ser muito bem aceita por todos. Dançam, se divertem. Durante a dança, o par parece iniciar um envolvimento maior. Realmente, o envolvimento aumenta, alguns beijos e caricias são trocados enquanto os pés continuam a desenhar passos pela pista de dança. Esse envolvimento não havia sido planejado, apenas havia acontecido. Como explicar? Ora, para que explicações indevidas, num momento tão expressivo e agradável. Terminado o Baile (Nossa como passou rápida esta noite!), nossos personagens se despedem de todos e saem. Os planos iniciais eram para que Solange se hospedasse na casa de Miranda e, no dia seguinte, depois de um passeio pela praia, retornasse ao planalto, onde residia. Miranda se comportou como um perfeito cavalheiro que era, e mesmo com idéias mirabolantes a girar na sua cabeça, adormeceu sem manifestar qualquer outra insinuação mais contundente. O dia seguinte amanheceu entre papos e brincadeiras. Foram passear na praia. Saborearam alguns peixes e beberam aperitivos. A conversa não teve nenhuma escorregadela mais audaciosa. Pronto. Estava na hora de Solange se preparar para retornar à casa. Voltaram para o apartamento de Miranda. Entraram e Solange iniciou os preparativos para sua despedida. Num certo momento, sem que nada houvesse sido premeditado, olharam-se, aproximaram-se e num repente estavam se beijando enlouquecidamente. Daí para o amor total passaram poucos minutos. Ambos se entregam e numa volúpia de sentimentos passam a se conhecer com maior intimidade. O calor do relacionamento faz com que esqueçam de regras, aliás, entre quatro paredes inexistem regras a serem obedecidas. Foi amor instantâneo. Foi a união de carências de ambos que transformou-se num absoluto e total carinho. Hoje vivem um longo e eterno relacionamento. Planos de viverem sobre um mesmo teto já estão sendo traçados. Miranda,`que já estava desiludido, hoje torce que a reta final da sua estrada da vida seja alongada a cada dia para viver sempre mais e com maior intensidade o amor a tanto tempo buscado e só agora encontrado. E muito compenetrado, a cada dia, depois de suas orações costumeiras, repete este pensamento: “É MUITO BOM AMAR E SER AMADO, EM QUALQUER ETAPA DE NOSSAS VIDAS!”

27.10.08

CONTINUANDO A HOMENAGEM Este relato eu faço para contar maiores detalhes sobre os 18 anos da minha 1ª. Neta mais querida. Parta provar, também, o que um avo babão como eu faz para atender os desejos das crias de suas crias. No final do mês de Setembro em bate-papo descontraído com minha filha e minha neta, veio à baila a proximidade dos festejos de sua maioridade. Como sempre faço, questionei a Duda sobre o presente que ela queria ganhar e, ela, num único e definitivo golpe, olhou para mim e respondeu: UM CARRO! QUERO GANHAR UM CARRO. Este pobre e aposentado avo, ouviu a resposta (quem pergunta tem de estar preparado para ouvir qualquer tipo de resposta) e ficou estarrecido. Como atender aos desejos da sua encantadora neta? A criatividade sempre primou nas minhas atitudes e decisões. Comecei então a dar tratos à bola, tentando solucionar a problemática de forma concreta e criativa. Um carrinho de plástico? Não seria muito obvio e nada original. Uma locação de um carro para um final de semana? Também não, além de perigoso, era um presente de grego, ela ainda não tem carteira de motorista. Nossa! Desta vez a minha nisseizinha, é mesmo, tinha esquecido de contar que ela é filha de uma nobre descendente de sírios e napolitanos com um descendente da amarela raça nipônica e, como eu digo sempre, se o pai dela e nissei ela e o irmão, para mim, são NUNSEI..., havia me esnucado. Tanto pensei que um dia EUREKA! A idéia surgiu clara e cristalina. Decidido sai atrás de quem me pudesse fabricar o presente. Antigos contatos foram buscados e testados. Nada, minhas investidas não davam certo. Contatos não eram encontrados e, quando encontrados, já estavam em ramos profissionais diferentes. O tempo, para nos, já entrados na casa dos “enta”, passa muito rápido. Eu, na minha torturante ansiedade já estava ficando desesperado. Pedi, então, socorro para uma pessoa muito mais ansiosa, a Soninha. Foi juntar a fome com a vontade de comer. Ela foi atrás de realizar meu plano, batalhou, e finalmente com seguiu tudo que eu pretendia, dentro do prazo e muito melhor do que teria sido se feito por mim. Sexta-feira passada, dia 24, cheguei em Sampa na parte da tarde e fui buscar a encomenda, uma vez que minha parceira estava acamada. Finalmente, por causa de viagem profissional que me obriga a estar fora de SP no dia 29, ontem, à tarde, fui até a casa da Duda. Cheguei circunspecto, chamei-a para perto de mim e olhando muito firmemente no seus olhos pedi se ela poderia reconsiderar o pedido do presente. No início, para minha surpresa ela nem se lembrava do que havia pedido, mas depois de algumas pistas, se lembrou e disse que nada a faria mudar de idéia. Então, saquei de uma sacolinha a caixinha onde meu presente estava guardado e o entreguei a ela. Um tanto desconfiada, ele abriu a caixa e deparou com um fusquinha preso a uma correntinha, ambos trabalhados em ouro branco. No capô do fusquinha estava impresso o numero 18 e nos dois faróis, incrustadas duas pedrinhas de brilhante. Pela primeira vez, em 18 anos, minha 1ª. Neta mais querida que é totalmente avessa a demonstrações de alegria (ai essa raça nipônica), abriu um extenso e radiante sorriso e, imediatamente, tratou de colocar a correntinha em seu pescoço. Este avo babão, transbordando de felicidade foi obrigado a olhar para o outro lado, dar um tapa no meu neto japinha para não permitir que meus olhos vertessem lagrimas de pura emoção. Como é bom ter netos e poder fazer-lhes as vontades. Como é bom ser avo babão!

20.10.08

Estamos no mês de Outubro, ainda é primavera, as flores se renovam nesta estação. Quando digo que as flores se renovam estou pensando também nas flores que não são do mundo vegetal.
As flores de carne e osso. As flores meigas e carinhosas. As mulheres. Elas se renovam sim, a cada estação, mas na primavera elas se tornam cada vez mais esses seres encantados com que nos presenteou o Criador. E na primavera, Outubro, 29, uma flor em especial se renasce todos os anos, desde 1990, uma flor especial, uma menina-moça mulher primaveril e querida. Estou falando da Duda, da Eduarda, da minha Neta, da minha “1ª Neta mais Querida“ que na próxima semana estará completando 18 “primaveras”. Num dia de inspiração, fiz para ela um poema e, hoje, ao se aproximar a data tão festejada, vou posta-lo, novamente, em sua homenagem. Amigos comemorem comigo esta data, esta neta que é um dos maiores tesouros que ganhei nesta minha vida der pai e avo. SONETO PARA UMA NETA Você que eu vi nascer. que embalei, desde o primeiro dia como se minha fosse.... Você que eu vi crescer, dia a dia, da infância até hoje, como se moça fosse... Você que verei crescer ainda mais até o fim dos meus dias, como se adulta fosse Estará sempre a minha volta Será sempre a minha calma Para me alegrar mais a vida Minha “primeira NETA mais querida”

16.10.08

BLOGAGEM COLETIVA - "ADOÇÃO"

Convidado que fui pelo amigo Dácio para participar de uma blogagem coletiva sobre o tema "Adoção" atendi de imediato e nesta oportunidade convido a todos os meus leitores e amig os para que tambem participem. Ficarei muito honrado se aceitarem este meu convite.Esta postagem ocorrerá entre os dias 10 e 15 de novembro. Conto com vocês.

4.10.08

Sábado modorrento, chuvoso, desencantador. Eu sem nada para fazer, buscando algo para me entreter resolvi remexer no baú dos guardados. Sem uma ideia clara do que buscar, comecei a busca. De repente, não mais que de repente, do fundo de uma pasta de papeis velhos, salta uma folha de papel sulfite amarelada e toda amarfanhada. Desdobro-a com cuidado e me deparo com uma série de palavras dactilografadas. Leio o titulo "Ode ao Poeta" e nada me lembro sobre o mesmo, logo abaixo do titulo leio o nome dos autores M.Chammas e J.C.Navarro e, como num passe da magica a memoria vai lá pra 1965 e me lembra que esta é a letra de uma marcha-rancho de criamos para tentar concorrer no festival da Record, tendo como antagonistas nomes como Chico Buarque de Holanda, Edu Lobo, Vandré, Jair Rodrigues e outros que tais. Não posso negar, éramos atrevidos. A melodia eu não posso reproduzir mas a letra, composta para uma voz solista e um coro de varias vozes, transcrevo neste blog para confirmar minha audácia. ODE AO POETA Coro: Poeta teu verso é fraco, p’ra cantar toda a tristeza que existe em teu coração. Poeta teu verso é bruto P’ra cantar toda a beleza, p’ra cantar toda a alegria, p’ra cantar a solidão. poeta p’ra poesia, teu verso não serve não. Poeta: Minha mensagem, é de carinho e amor e não existem palavras que exprimam seu calor. Canto a beleza, canto toda a natureza. Canto o homem que faz toda uma guerra por paz. Canto a vida e a morte canto o Sul e o Norte canto o espinho e a flor canto sem ser cantador. Coro: Poeta teu verso é triste. P’ra cantar a natureza falta-lhe a inspiração. Poeta teu verso é pobre, p’ra cantar toda a riqueza, p’ra cantar a juventude, p’ra cantar o mar e o chão, deste torrão bom e nobre. Poeta p’ra poesia, teu verso não serve não. Poeta: Minha mensagem é só p’ra quem quer ouvir, é só p’ra quem quer saber, é só pra quem quer sentir. Canto e descanto, não tenho medo, afirmo, o meu verso é minha arma, e continuarei a lutar, cantando meu verso triste, mesmo sem saber cantar...