29.4.08

D E S A B A F O

Odeio versos, desprezo rimas, considero sem importância todo tipo de concordância Verbal ou gramatical. Não tolero a poesia, abomino a métrica, simétrica ou assimétrica. A prosa, acho horrorosa cansativa, tortuosa. Pois para fazer tudo isso é preciso ser sofredor, ter o coração rasgado e vivendo um desamor. Daí o rabisco sai, Vai direto pro papel. Será lido, comentado, aplaudido, sublimado. E eu, coitado, autor, no sofrimento enraizado. Vou em busca de outro amor, para sofrer nova dor e, outro poema compor.

27.4.08

Já que a sintonia nas danças está no ar, edito este rabisco que faz parte do Livro ELOS cuja edição foi coordenada pela minha amiga LOBA.
O BAILE
Antes a valsa Alegre rodada, Ligeira, marcada Íamos os dois A rodopiar. Ouvidos alertas Os corpos eretos, Os pés mui atentos Corações palpitantes E a valsa a tocar. Acordes finais, A valsa acabou. Pares desfeitos Olhares refeitos Posturas, Mesuras Todos perfeitos Num canto afastado Olhar estudado Instinto aguçado Me sinto enlevado Te olho Me olhas, Sorrio Sorris. Te chamo Tu vens. Recomeça a musica Reconheço o ritmo Nada mais sugestivo Bolero. Quiçás, quiçás, quiçás... Te enlaço e Bailamos, Aos sonhos nos entregamos Quiçás, quiçás, jamais! Te beijo, Me beijas. os olhares se cruzam, os lábios unidos não podem falar. As mãos aloucadas Em busca frenética, Te apalpam, Me apalpam, Com força, Sem meta, Instintos acesos, Voamos com as pernas Corremos com afã, Buscamos a alcova, Dos nossos delírios Dos nossos desejos Te dispo, Me dispo, Te abraço, Me abraças, Sinto teu peito arfar, Vejo teus seios Subirem e descerem No ritmo de tua respiração. Minhas mãos percorrem, Sem rumo ou nexo Teu corpo, tuas pernas. E então fazemos amor, Nos consagramos ao sexo. Depois, extenuados, Num abraço apertado, Dormimos apaixonados.

26.4.08

SERÁ

Esta é mais antiga mas vale para o momento Será que já sou Ou serei o ser Que saberá um dia O que ser ? Pretendo saber, Mas quando souber Saberei ilustrar O ser que serei ?

24.4.08

QUEM É VOCE?

Quem é você? Que chegou à minha vida Com tanta voracidade, como se fora um tufão. Não ligou pra minha idade, Fez bater meu coração, Minha pele se arrepiar, E colocou cor no meu olhar. Quem é você? Que derrubando barreiras, superando as asneiras, semeando muita calma alimentou minha alma com carinho e esperança e transformou este velho novamente numa criança. Quem é você? Que alheia, indiferente, impassível e inconseqüente, resolveu me abandonar. descolorindo a aquarela, que pintei sobre uma tela, e iluminei com seu olhar. Quem é você? Não sei! Só sei que chegou, Ficou, partiu, passou. E no vazio que sobrou, dentro do meu coração um rastro você deixou. foi ele o gosto amargo da enorme desilusão.

23.4.08

OUTRAS MEMORIAS TEATRAIS

OUTRAS MEMÓRIAS TEATRIAS Volto novamente a sentir cócegas na memória, sinto o cheiro dos camarins, da base com que os atores buscam disfarçar o suor, o cheiro do pó acumulado por detrás das coxias, o cheiro da tinta que pintou os cenários. Sinto calor das luzes, a claridade dos canhões de luz me iluminando a figura lusitana da época do descobrimento, e me vejo segurando com ambas as mãos um pergaminho e a declamar um texto de Pero Vaz Caminha em um sotaque aportuguesado que começava assim: “-Magistadi, aqui, nesta terra, em se plantando tudo dá...”. Era uma das cenas do espetáculo “Teatro para a Juventude”, um projeto da grande atriz Nydia Licia com a direção do saudoso Libero Miguel, que tinha entre outros participantes, o agora famoso e global Osmar Prado, a cantora Tuca, que tão cedo se mudou para o andar de cima, o ator Alceu Nunes, Marcelo Gastaldi que depois se tornou o rei das dublagens, este que escreve esta crônica e vários outros, encenados nos palcos do Teatro Bela Vista. Falar em Nydia Licia é falar de uma das principais damas do Teatro Nacional. Foi casada com o grande ator Sergio Cardoso que com ela pisou várias vezes na ribalta do Teatro Bela Vista. Da. Nydia, como respeitosamente a chamávamos, sem precisar, provava a cada momento sua imensa capacidade, sua inconteste dedicação, seu amor pelos projetos abraçados. Com poucas palavras explicava o que desejava de cada ator. Nunca se axaltava e se preciso fosse, repetia as cenas por diversas vezes até chegar bem próxima da sua idealização. Era, realmente, fabulosa. Era? Não sei! Gostaria de saber se ainda vive. Se ainda reside no Ibirapuera, na Rua dos Bombeiros. Será que obterei essa informação? Eu vivi nessa época, raros momentos de felicidade e plenitude, fazendo aquilo que gostava e me realizando. Mesmo atravessando uma época bastante estressante da minha vida, pois e pai de uma linda menina, estava desempregado e lutando, ingloriamente, pelo pão de cada dia, verdadeiramente de cada dia, mas quando pisava o solo daquele ambiente sagrado, as tristezas se esvaiam, e o prazer maior se alevantava. Libero Miguel, figura marcante, magro como um fio de arame meio retorcido, vibrante como um trovão no meio da tempestade, competente como poucos. S e visto por um desconhecido não seria classificado como um competente homem do teatro, cinema e televisão brasileiros, tão comum era a sua estampa. Muitas lições me passou. Muitos ensinamentos sobre a arte teatral eu obtive com esse grande diretor. Alem da parte artística do projeto, a área administrativa era comandada pelo Sr. Renato, que ao final de cada espetáculo dominical, passava distribuídos nosso pequenos, mas gloriosos cachês. Foi lindo! Tenho saudades.

13.4.08

REALIDADE X FICÇÃO (uma estória de amor)
(qualquer semelhança com pessoas vivas ou mortas poderá ser méra coincidência) Misael alardeava a sua vivencia na boemia sempre que podia. Estava afastado por iniciativa própria, por opção de vida familiar, mas confessava sempre alimentar uma saudade enorme das noitadas, dos bailes, do assedio das boas dançarinas. Um dia, não mais curtindo sua solidão após a dissolução do casamento, que pensava seria eterno, e que já durava mais de 8 anos, abriu mão da exigência de só sair com companhias e, solitário foi em busca diversão. Foi para um Baile! Chegou, comprou seu ingresso e adentrou ao ambiente. Sabia que, por ser estranho ao conjunto, deveria se submeter a algumas exigências, tais como, observar as damas existentes e saber o grau de dançabilidade daquelas que viesse a lhe interessar. Outra exigência era de iniciar um processo de aceitabilidade da sua pessoa com o grupo de freqüentadores mais assíduos no sentido de evitar um processo rejeição que, se viesse ocorrer, seria totalmente desastrosa aos seus planos de retomada aos bailes. Nos dois primeiros bailes, dançou algumas vezes. Percebeu que o tempo de inércia não tinha afetado seus conhecimentos de dança, mas os anos de sua estrada da vida estavam requerendo um maior cuidados, uma com suas juntas e membros inferiores. A cabeça comandava, o corpo tardava a obedecer e quando obedecia, não era com ações perfeitas. Em questões de dança ele sempre fora exigente e meticuloso e essa falta de coordenação imediata estava lhe preocupando, mesmo quando sua razão dizia que era preciso dar tempo ao tempo. Mas ele insistiu, e continuou comparecendo, com uma assiduidade impecável. Lógico que não abriu mão das suas pesquisas. Dentre todas as damas que demonstravam desempenho excelente nas danças, uma em especial lhe chamou a atenção. Para falar a verdade balançou seu coração que já era useiro e vezeiro em não bater, mas em apanhar com muita facilidade. Era um tanto mais nova que ele, irradiava simpatia e alegria, só tinha um predicado ruim, estava comprometida e demonstrava só ter olhos para o parceiro. Conversava com um numero restrito de freqüentadores, mas só dançava com o parceiro e não dava qualquer chance para uma aproximação impetuosa e um convite para dançar. Misael percebeu que, mais uma vez, seu coração havia lhe pregado uma peça, tinha se apegado a um sonho impossível de ser realizado. Desistir da idéia ele só foi desistir depois de uns seis meses de freqüentar o salão, e desistiu por ter certeza de que até aquele momento ela não tinha sequer se apercebido da sua in significante figura. Então, mesmo inconformado, desistiu. Tempos depois a dama de suas inquietações sumiu. Não mais apareceu, nem ela nem o companheiro. De certo modo ele até gostou, assim seria mais fácil tira-la do pensamento. Daquela mulher que quase havia se transformado em obsessão, só restou uma fina e inquietante sensação de decepção e incapacidade. Já se fazia quase dois anos que Misael freqüentava o salão. Sua popularidade havia aumentado e se consolidado. Seus passos de bailarino haviam retornado em quase 80% da forma de uns 30 anos atrás. Ele já se sentia remoçado e desfrutando de condições totalmente favoráveis. Muitas damas faziam questão de, pelo menos, dançar uma seleção de musicas com ele. Era o retorno ao mundo da fantasia. Estava feliz. Um dia, sem mais nem menos, antes do baile iniciar, sentado na cadeira da mesa que lhe era reservada em todos os bailes, ele vê chegar ao topo das escadas de acesso a mulher de seus sonhos e pesadelos. Vinha sozinha, mas irradiava a mesma simpatia de sempre. Começou a cumprimentar os conhecidos e, pasmem, ao passar em frente a sua mesa, parou, cumprimentou uma amiga que estava sentada na mesa a seu lado, virou-se para ele, cumprimentou-o e lhe deu um beijo carinhoso. Aquele homem que se dizia vivido e experiente, só não desabou por força de sua férrea vontade, mas tinha certeza, havia viajado até o infinito e retornado bem mais abobado do que o normal. A esperança, como num passe de mágica, voltou a se aninhar em suas entranhas. Dançou com a dama várias vezes, brincou, “contratou-a” como sua professora particular de dança e, começou a viver uma nova experiência (pelo menos assim pensava). Quando se sentiu, praticamente, capaz de confessar seu amor, e suas intenções, o mundo caiu novamente sobre sua cabeça. Naquela noite a “deusa” que atendia pelo nome de Lili, chega ao salão acompanhada. Seria possível? O que estaria acontecendo? Misael ainda tentou colar os cacos em que seu coração havia se transformado. Tentou se iludir dizendo que era apenas um acompanhante sem maiores conseqüências ou intimidades. Mas qual, depois de algumas semanas onde ele ainda tentou submergir do mar de frustração, chegou o momento de abrir mão da esperança e aceitar a derrota. Mais uma vez, seu coração levava uma tremenda surra, e ele, que já havia sobrevivido ao primeiro romance, não teve forças para se colocar novamente na reserva e aguardar a possibilidade de uma nova investida. Desistiu de viver um grande amor! Mesmo assim, como consolo, disse para si mesmo: - É Misael, bola pra frente, pois a vida continua! E voltou a dançar, já que no seu amor ele tinha dançado mesmo.

7.4.08

REFLEXÕES SOBRE O TUDO E O NADA NO AMOR

Sou um homem vivido. Tão vivido que sei que o tudo que vive está bem perto de se transformar em nada. A morte chega e a vida se apaga levando com ela toda a nossa vivência. As emoções dessa vivência se incorporam ao nosso “eu” e nele ficam registradas para todo o sempre. Refletindo sobre tais verdades, lembrei-me que mesmo no final do capitulo de minha vida, eu busco o amor. Eu quero amar! Nunca fui um vencedor nos assuntos do coração. Já sofri muito, tive muitas decepções, principalmente por esta minha busca do amor. Refleti e constatei que me atiro de corpo e alma em cada oportunidade surgida e não reclamo dos insucessos colhidos. Aprofundando um pouco mais a reflexão, fui em busca do por que da minha passividade nos desencantos amorosos e, também, da minha persistência em vivenciar novas paixões. A conclusão foi que Amar é a mola mestra da vida, assim, viver uma paixão e sorver o fluido que alimenta o ser. Fui alem, conclui que: “a melhor coisa é viver um amor sem a certeza de poder ter a reciprocidade desse amor”. Por que? Ora um amor com reciprocidade é um amor em sua plenitude. Ele pode esgotar-se e se tornar apenas um vazio. Mas, o amor dúbio de reciprocidade é aquele que nos machuca, nos desafia ou ainda que nos dá esperança de sermos aquinhoados, um dia, com a reciprocidade. Então, um amor não correspondido vive com maior intensidade em nossa alma, alimenta nossos sonhos, aumenta nossas fantasias, nos repleta de esperanças mas não nos completa a alma. Assim. Conclui que o meu exercício de reflexão me levou a conhecer tudo sobre o nada que nos diz respeito em se tratando de amor. Entendi apenas que em relação ao amor eu posso TUDO MAS nada CONSIGO.

1.4.08

BONDE DA FELICIDADE Sem nada para fazer. sem rumo para tomar. Sem amor para cantar. Caminhando sem destino. Ia eu velho-menino pela estrada da vida. Sem chegada, sem partida. Surgiu de repente um bonde. Curioso fui olhar.Não revelava o destino. nem tampouco o seu trajeto. E, novamente este velho, dando licença ao menino Resolveu: Vou me abancar! embarquei, então, nesse bonde sem nem mesmo sabero que iria acontecer, mas,levando a esperança de todo o circuito fazer. Parte o bonde e, Surpresa! Alem do velho-menino, , outra passageira existia, nesse bonde aventureiro. Decidida a percorrer,Tal e qual o velho-menino, os caminhos do destino. Ela e o velho-menino, quase que de imediato, suas mãos entrelaçaram.E, os três que eram só dois. Resolveram em união, seguirem juntos o caminho, Desse bonde sem idade.Em busca da felicidade.