3.6.08

MEMORIA DE UM TORRESMINHO A PURURUCA Ano de 1968, eu e da. Cida, já havíamos nos mudado da casa de minha mãe e estávamos morando na Rua Maria Jose 27. A época era de vacas magras. Eu sem emprego e ela trabalhando pelos dois numa empresa de persianas na Rua Augusta. A grana era apertada, além do salário dela o que pingava era alguns expedientes que eu fazia, um ou outro cachê teatral e nada mais. Um dia, sem nada para fazer e ocupar o tempo, resolvi colocar meus atributos de “mestre cuca” para funcionar e consultando os bolsos percebi que tinha o suficiente para comprar uma barrigada de porco e preparar um pratarraço de torresmos (minha perdição até hoje). Decisão tomada fui em busca da matéria prima, comprei, levei para a casa, e comecei a preparar o quitute. Primeiro depilei a peça livrando-a de todos os pelos existentes, depois cortei a barrigada (estava linda e carnuda) em pequenos cubos e coloquei todos os pedacinhos em uma panela grande. Consultei o relógio, eram quase 17:00 horas, tempo suficiente para que o acepipe estivesse pronto para a hora do jantar. Acendi o fogo e coloquei a panela devidamente tampada sobre ele. Liguei a TV e comecei a assistir um programa qualquer. Lembro-me que a programação não estava conseguindo me entreter, fui até a cozinha, consultei a panela e vi que a banha começava a derreter. Decidi, então, ir ao encontro da minha amada que já deveria ter saído da empresa e, pelo adiantado da hora, deveria estar na altura da Major Diogo a caminho de casa. Consultei novamente a panela e, sai. De fato, encontrei da. Cida na Rua Major Diogo quase esquina com a Rua Dr. Ricardo Batista e fomos caminhando para casa. No caminho, resolvi parar no Bar Urupês e comprar duas cervejinhas que seriam o acompanhamento liquido dos torresmos. Parei, ainda, na Padaria 14 de Julho e comprei um pão de peito (pão italiano de forma redonda que os ”oriundi” fatiavam de encosto ao peito) e, por fim chegamos em casa, Nossa casa era um apartamento tipo sobrado. Subimos a escada e antes de concluir a subida, já sentimos um cheiro estranho no ar. Abrimos a porta da entrada e, credo. Uma fumaceira nos envolveu totalmente. Incêndio? Perigo? Nada me esclarecia. Decidido e heroicamente entrei e atravessei o longo corredor que levava à sala e depois à cozinha, a fumaça era cada vez mais densa e o cheiro (fedor para falar a verdade) era quase insuportável. Só ao adentrar a cozinha pude verificar que o fumacê tinha inicio na panela do torresmo. Apaguei o fogo, destampei a panela e... Decepção, um monte de pedaços de carvão ressequidos e esfumaçados estava grudado no fundo da panela. Conclui que o nosso jantar, tinha ido para a cucuia. Tudo por causa de um ato de carinho e cavalheirismo da minha parte. O pior foi que o mau cheiro impregnou-se nas paredes e opor um numero grande de dias nos fez lembrar enojados da ocorrência. Ah!Naquele dia o jantar foi pão italiano, uma salada de sardinhas de uma lata encontrada perdida no armário e cebolas que ainda existiam na geladeira. Tudo isso acompanhado de 2 cervejinhas geladérrimas. Torresmo que era bom, ficou na saudade!

9 comentários:

  1. Eita Miguel,
    estou aqui que sou riso puro. Caramba! primeiro fiquei com água na boca, pois também sou fã de um torresminho, de preferência bem carnudo. Depois, fiquei imaginando a cena que, contada assim, como você conta, é muito engraçada.
    Abração

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  2. Ah, mas não foi só o torresmo que ficou na saudade! Como mostra o delicioso texto, até aquele tempo de vacas magras faz parte das tuas saudades mais queridas! Um grande abraço, meu amigo.

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  3. Miguel,

    Ah, que texto mais gostoso! (Não pelos esturricados.. risos...) Mas pelo carinho contido na atitude.
    E por falar nisso, outro dia consegui, (não me pergunte como...) queimar pão de alho no microondas... Pode? Foi um cheiro insuportável também!

    Mas sobrevivi.

    Obrigada pelas palavras de carinho no Ponto!

    Beijão Karinhoso,

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  4. Puxa vida, Miguel! Eu já estava quase comendo aqui o torresmo( amo!!!!) e aconteceu essa coisa triste!!! Mas, valeu a história, tão saborosa quanto o meu (o nosso...) torresminho! rs
    Boas lembranças essas...
    Beijos.
    Dora

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  5. Miguelito.

    Essas tuas lembranças são ótimas, pena naum ter tido um final desejado, ou seja, a degustação dos tais torresminhos, ms ficou registrado o teu romantismo e perseverança de q se não tem torresminhos vai pão c sardinha mesmo(rs....)

    Beijos Poéticos.
    ;**

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  6. Acho que irei ali comprar uma porção de torresminho...
    Digo que são estas lembranças que aquecem o coração...

    Beijo querido Miguel

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  7. Miguelito!!! rs... impossível não rir da sua odisséia romantico-culinaria! rs...
    Mas aqui... vc como cozinheiro daria um ótimo amante, viu? r.s..
    Mas foidelicioso ler sua reminiscência (ando gostando demais de voltas ao passado. será aidade? rs...)
    Um b eijo queridão

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  8. Putitangaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!!!
    Cara, eu nem gosto de torresmo, mas já tava co ma boca cheia d'água, imaginando esse trem com a cerveja geladísisma (que eu tbm não gosto...rs). Tava toda feliz por vc e D. Cida, que trauma!!! Mas ri muito, ó (perdoa? rs)! E como sei que teu cavalheirismo não dminuiu por conta dessa aventurazinha, vou poerdoar o torresmo frito, tá? Bjo, Miguelito querido!

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  9. Por nada, vou dispensar o chopp contigo, me aguarde! Teremos muito o que conversar... rsrs

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vamos prosear ou poetar?