15.7.08

CONFISSÃO A quem interessar possa na leitura deste documento, declaro que nesta data, no retorno de uma viagem de negócios, adentrando meu lar, fui atacado e revidando ao ataque terminei por assassinar, com todos os requintes de maldade, aquela que, de maneira pecaminosa e ardilosa, surrupiou a minha paciência, a minha liberdade e, por que não dizer, a minha sensibilidade.
Para ser mais explicito e não me permitir negar, no futuro, os termos da presente declaração.
Na verdade eu já estava farto dos ataques que ela me fazia, no início o sofrimento parecia supérfluo e que passaria a qualquer momento, mas, a cada dia o sofrimento aumentava, a dor causticava o mais profundo de minh’alma. Meus olhos, cada vez marejavam com as lágrimas que depois escorriam por minhas faces, marcando-as com riscos úmidos tal qual um rio correndo para o mar.
Já não havia em mim mais espaço para alegrias ou qualquer outro nobre sentimento.
Somente o ódio conseguia brotar do fundo das minhas entranhas, ódio alimentado por sofrimentos e decepções.
Foi então que ontem à noite, voltando de minha viagem, um tanto cansado buscando asilo no meu recanto pessoal, longe das agruras do dia a dia, na esperança de que ela havia desistido e me abandonara à minha própria sorte, quase sentia um prazer ha muito esquecido no meio de tanto sofrimento.
Ela entrou sorrateiramente, não sei de onde e me atacou com toda a sua força, mostrando de forma cabal que voltara, e como voltara forte.
Aí não tive mais duvidas, ou eu a matava de vez, ou ela me mataria do seu jeito, devagarzinho e sempre, com toda a maldade existente em suas entranhas.
Então, com o olhar frio e determinado, olhei para ela e a arranquei da minha existência usando toda a determinação que eu consegui extrair do âmago do meu ser.
Eu a matei realmente e juro que não estou arrependido ou sentindo qualquer sentimento de remorso.
De agora em diante, morta a SAUDADES, volto para a vida, vou tentar VIVER de novo.

6 comentários:

  1. Devo dizer: cuidado!!!!!
    Eis que sei...
    e como sei...
    que é a saudade dona de várias sobrevidas.
    É fingida.
    Engana. Diz que foi, e num golpe assustadoramente sorrateiro, volta.
    A saudade renasce.
    Revive. Reaparece.
    Às vezes disfarça. Emociona.
    Traz diabéticas lembranças. Faz-se amiga. E sem querer,
    sem perceber, fere, rasga, maltrata.
    E, noutro amanhecer, é lágrima que encanta a infinita bondade do coração.
    Saudade é o tempero da vida.
    Doce e salgada, envolve a alma, é a última luz antes da escuridão em vão. Saudade vai.
    Saudade vem.
    Saudade finca. É a marca do tempo intensamente vivido.
    Beijãozinho.

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  2. Queria como vc acabar, matar essa dor lenta e que se espalha pelo meu ser, toda vez que deixo um sonho pra trás. Mas teimosamente, fico buscando ela nos cantinhos da minha vida, pra assim alimentar e amenizar o que faz voltas em mim me deixando tonta, me preenchendo de uma dor dormente, ou seja buscando o que perdi no passado.Bjos saudosistas

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  3. Miguelito.

    Não é fácil "exterminar" a saudade, pois ela renova-se a cd instante c a força latente de nossas recordações q aprissionam não apenas o nosso qr, ms tds os involuntários "talvez".

    Beijos Poéticos.
    ;**

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  4. Miguelito. O problema é que saudade tem sete vidas, como gato...Ela ressuscita, a danada! Quem sabe, se fizer um pacto com ela, ou deixá-la guardada num fundo de gaveta...ou num baú fechado a chave, não seja melhor?
    E, quando ela fizer suas ameaças, aproveite e escreva....escreva...Fale mal dela, em palavras. Sai uma escritura linda, nessas horas!
    Beijos.
    Dora

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  5. Miguelito, jurava que vc ia dizer, no fim, que tinha matado a barata (sem duplo sentido, juro!) que vinha te apentelhando a vida...rs. Mas assim: matar uma saudade é bem mais fácil (teoricamente, claro) do que uma barata. Pra mim, é! rs. E fico feliz que vc tenha se livrado dessa saudade aí, pq, pelo jeito, ela tava realmente te matando, né? Mas ó: qdo for assim, me liga, bate tambor, faz sinal de fumaça, que eu apareço na hora pra matar tua saudade, visse? rs
    Bjo, querido!

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  6. Miguel,

    conseguiu me enganar, velho amigo! Eu pensei que tivesse matado a fome, mas na verdade foi a fome de viver que te levou a mata a saudade.

    Abração.

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vamos prosear ou poetar?