12.2.11

MEMORIAS DE BOTEQUIM

Vamos relembrar a década 50. O ano? Pode ser 1956, não importa. O que importa mesmo é o que a minha memória foi buscar La escondidinho, nos recôncavos de uma mente tão cheia de preocupações. Outro dia, conversando com minha esposa ouvi dela que durante o dia, em um desses programas de TV onde se cultua a arte da culinária, ela havia aprendido um prato formado por frango na cerveja e polenta. Estávamos a avaliar o sabor desse prato quando ela, num relance de lembrança, disse que além desse prato o programa havia apresentado a receita do ”bolovo”, ou seja, o bolinho de ovo cozido e empanado. Confirmei que tal bolinho foi, sempre, um dos meus favoritos quando tive de encostar meu umbigo no balcão de um botequim. Conversa vai, conversa vem, falando dos botequins da vida, veio, de supetão, uma deliciosa lembrança. Lembrei que quando eu era o melhor Office-boy de São Paulo e, trabalhava na Condemar lá na Rua Senador Feijó, tinha um balcão de botequim que eu fazia questão de me encostar. Era um pequeno bar na Rua Padre Adelino, quase na frente do famoso Lanifício Fileppo. Sempre que surgia uma fatura para ser entregue ou, então, uma amostra de fio para ser levada até lá, eu fazia questão de ser o portador. Ia, quase sempre, em horários próximos do almoço. Apanhava o ônibus na Praça da Sé e antes de chegar ao Lanifício ou depois de lá chegar e fazer minha obrigação, eu parava no pequeno barzinho. Atrás do balcão, servindo clientela, estava, sempre, uma senhora. Tinha ela a aparência de uma “mamma”, na cabeça um lenço estampado, protegendo a barriga um avental. No rosto um sorriso enternecedor e mantendo na estufa em cima do balcão umas polpettas fritas, divinamente deliciosas. As polpettas eram bem fritas e sequinhas, uma verdadeira delicia Já sabendo a minha pedida, ela colocava a porção de seis unidades do divino quitute, abria uma garrafa de guaraná da Brahma estupidamente gelada e me deixava saborear o almoço tão ambicionado. Essa lembrança, que pena, jamais poderá ser repetida. A “mamma” com suas polpettas não mais está ali estabelecida e, infelizmente, já não existe o Guaraná Brahma.