23.7.08

Este conto acabou de ser rabiscado. Tomara seja de agrado de todos os que visitarem este meu cantinho. ENFIM... SÓS! -Solicitamos aos senhores passageiros manterem seus cintos de segurança afivelados até a parada total da aeronave e no desembarque certificarem-se que estão levando seus pertences de mão. A........... agradece a oportunidade de poder te-los a bordo e os aguarda nos próximos vôos. Boa tarde! Miroel ouviu os avisos, olhou para o relógio e constatou que o pouso tinha ocorrido sem atrasos, eram 14:00 horas. Desembarcou, aguardou sua bagagem e exatamente as 14,30 entrou no taxi e mandou seguir para o Hotel de destino. La chegando registrou-se e subiu para o apartamento que lhe foi designado. Desfez sua maleta. Trouxera pouca roupa, pois sua estada seria curta. Tomou um banho, escanhoou a barba, perfumou-se e, então, pegando o aparelho telefônico completou a ligação que estava lhe inquietando desde o início aquela viagem. Dina atendeu e disse de imediato: Amor? Oi, estava com saudades. Você não ligou pra mim ontem e nem hoje cedo. Aconteceu alguma coisa? Ele, tentando disfarçar sua emoção, respondeu: Aconteceu sim! Tive que fazer uma pequena viagem de emergência. Agora estou aqui no hotel. - O que aconteceu meu bem? Que hotel? Em que lugar você está? - Estou aqui. Pertinho de você sua bobinha. Doidinho pra te conhecer e te dar um beijão. Toma nota do Hotel e vem assim que puder, fico te aguardando. Dina, quase teve um piripaque de tanta emoção. Será que os anjos haviam ouvido suas preces e concedido aquele milagre? Anotou o endereço com o batom no espelho que estava pendurado na parede acima da mesinha do telefone. Prometeu que iria se arrumar e correr para lá, desligou o telefone e, tremula, demorou ainda uns instantes para se reencontrar. Pensou em jogar qualquer coisa por cima e sair correndo, mas se deteve a tempo. Como sair desarrumada para encontrar, pela primeira vez, o homem que lhe roubava o sossego há mais de 8 meses? Decidiu, então, tomar um longo e refrescante banho (ainda bem que tinha feito depilação total no fim de semana) perfumar-se toda, colocar sua melhor roupe e, só depois correr para os braços do ser amado. Miroel, por sua vez, sentou-se no sofá ao lado da cama, retirou um maço de papeis impressos de sua maleta e começou a leitura, ou melhor, a releitura de todas as mensagens virtuais que mantivera com Dina durante aqueles longos meses que antecederam sua viagem. Eram trocas de amor eterno, revelações de aparência de ambos, confissões mais detalhadas das preferências sexuais de cada um, enfim eram as provas efetivas do conhecimento mutuo daquele casal virtual que, agora, se preparava para transformar o sonho em realidade. Leu numa mensagem: “... sou morena, tipo mignon, tenho as pernas grossas e os seis médios, mas bastante rijos. Meus cabelos são castanhos e de cumprimento médio. Meus olhos são da cor de caramelo com nuances esverdeadas, meus lábios são carnudos e sequiosos por beijos (os teus, naturalmente)...” Fechou os olhos e sem muito esforço viu surgir de sua retina a imagem já muitas vezes visualizada, da mulher desejada, da dona de seus mais eróticos sonhos. Imediatamente sentiu um arrepio gelado subir por sua coluna vertebral, era o tesão que se fazia presente. Abriu os olhos com a intenção de não se deixar envolver por tais e se deixou envolver pelas melodias. Dina, por sua vez, enchera a banheira de sua casa com água tépida, espalhara por sobre a água uma essência de rosas, e se deixara envolver pelo calor macio daquele banho. Suas mãos friccionavam a pele para que esta absorvesse, mais ainda, aquele perfume inebriante. E assim, friccionando, suas mãos foram descendo e chegaram ao portal de sua sexualidade. Concluiu que também ele deveria ser envolvido pelo perfume para, mais tarde quando beijado pelo homem de seus sonhos, pudesse espargir um olor nunca dantes, por ele, experimentado. Então, acarinhou cada vez mais intensamente seu clitóris e a cada carinho aplicado, mais desejos de continuar o carinho se faziam presentes. E ela acariciava, e ela espremia, e ela beliscava delicadamente aquele pedacinho do seu ser, tão carente e desejoso de sexo. Foi assim até que junto com um languido suspiro ela chegou ao clímax. Gozou como há muito tempo não gozava. Sentiu seu corpo entrar em total languidez. De repente tudo voltou a ter vida. Lembrou-se que o amado que viera de tão longe estava à espera de abraçá-la, de beijá-la de possuí-la e, ela, sem noção se permitira um mergulho no prazer solitário. Repreendendo-se mentalmente, pulou da banheira, enrolou o corpo numa toalha felpuda e correu para o quarto. Escolheu sua roupa mais bonita e mais sexy, separou uma calcinha vermelha... não, melhor a preta, é mais charmosa e sexy! Resolveu não por soutian para que ele tivesse a certeza de que não mentira com relação à rigidez dos seus seios. Terminou de secar o corpo, colocou um desodorante intimo para melhorar, mais ainda, a situação. Vestiu a roupa, resolveu não usar meias, o calor estava forte e quanto menos roupa para atrapalhar, melhor! Colocou sapatos de salto alto, eram mais elegantes. Consultou a bolsa, pensou, qualquer hora precisaria parar e fazer uma limpeza em regra naquele ninho de ratos certificou-se que os documentos estavam junto com os demais cacarecos. Ah! Perfume! Como vou chegar lá sem meu perfume predileto? Borrifou o perfume com bem pouca parcimônia. Agora sim, estava pronta! Releu mais uma vez no espelho o endereço do hotel e saiu. Na garagem do prédio, entrou no carro, deu a partida e arrancou em busca do seu amado. Ele, ainda de olhos semicerrados, envolvido pela musica, sonhava com o momento em que Dina batendo à porta (já dera ordens na portaria para que sua acompanhante subisse assim que se identificasse na recepção) ultrapassasse os limites de seu apartamento e viesse correndo para seus braços. Ele já havia preestabelecido todas as suas atitudes. Iria primeiro abraçá-la e beijá-la com sofreguidão (quem sabe até caísse abraçado com ela por sobre a cama e rolassem os dois sem, claro, desgrudarem seus lábio naquele beijo frenético. Depois, diminuído o ímpeto do primeiro contado, sussurrando doces palavras ao ouvido dela, daria inicio ao sublime ritual de despi-la. Soltaria o0s botões de seu vestido um a um (lógico que ela viria com um vestido de botões, depois desnudaria seus ombros, abaixaria o vestido deixando livres do mesmo os seis que ela tanto valorizara nas mensagens (tomara que eles estivessem sem a proteção de nenhum porta-seios), com mais um pequeno puxão levaria o vestido à altura dos seus joelhos e depois o lançaria ao chão. Depois. Com muito mais delicadeza, iria tirar sua calcinha, enrolando-a suavemente até livrá-la totalmente e, aí, então, com todo o ardor há tanto tempo acumulado, beijaria primeiro com suavidade, depois com impetuosidade aqueles lábios carnudos que nunca haviam sido por ela descritos, mas que ele, com imaginação de um artista, havia muito bem moldado. Suas mãos tremiam a cada pensamento. Abriu os olhos e consultou o relógio, ele estava demorando um pouco mais do que imaginara. Tudo bem! Deveria estar se enfeitando para ele. Quem havia esperado tanto tempo, não poderia se enervar com mais alguns minutos. Dina ganhou as ruas, naquela que seria a tarde de sua maior realização. Cuidava de dirigir com cuidado no transito enlouquecido daquela cidade. Pensava em todos os prazeres que iria desfrutar nas próximas horas e, quem sabe, no resto de sua vida. O pensamento tomou conta de sua mente e, por uma fração de segundos ela ficou totalmente à mercê de seu sonho quando... Brummmmmmm! Num vacilo imprudente, com o semáforo mudando para o vermelho sem ela perceber, foi de encontro ao caminhão que transitava à sua frente. O choque foi forte. A proteção de ferro que o caminhão não tinha, não pode impedir que seu pequeno carrinho entrasse por debaixo da carroçaria. Ela sem saber o que havia ocorrido, sangrando muito, com a cabeça totalmente caída para trás, dá o ultimo suspiro. Ele, que nervoso havia adormecido, acorda, vê o adiantado da hora, liga para a recepção do hotel, pergunta se não tinha vindo ninguém, se não haviam deixado qualquer recado r, diante das negativas frias da recepcionista, cai em profunda prostração. Dina não tinha vindo, não tinha telefonado. Alguma coisa acontecera. Decidido, pega o telefone, disca o numero e ouve por um tempo muito alem do normal o aparelho do outro lado chamar e ninguém atender.A ligação é transferida para a secretária eletrônica e ele simplesmente consegue balbuciar: - Que pena! Por que você me fez isso? Desligou o telefone, foi ao bar do apartamento, todos as doses de bebida ali existentes e, antes de apagar de vez murmurou: -Vou continuar só! Dina, já mais composta, com a cabeça ajeitada ao corpo, cadavericamente esbranquiçada, jazia naquela mesa frias do IML devidamente perfuma e só. Duas vidas, dois destinos, duas historias e uma única constatação, paralelamente eles continuariam sós. Enfim... Sós!

9 comentários:

  1. Ai, Miguelito, que triste!!! Os amantes não mereciam este final tão trágico! (eu sou uma inveterada romântica!!! rs...)
    Muito bem construido o seu conto, viu? Embora, triste - repito!
    Um super bijo, queridão

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  2. Paralelos e sós. Meio ou muito trágico. mas é assim.

    Gostei de conhecer teu blog. Parabens. Gostei daqui.
    Uma belissima noite.
    Maurizio

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  3. Miguelito.


    Que conto empolgante, adorei tudo, começo, meio e fim. Adoro finais "não tão felizes", afinal, na nossa vida a felicidade não é sempeterna. Parabéns!

    Beijos Poéticos.
    ;**

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  4. Miguel,

    Li até o final sem respirar, pq durante tua narrativa, vc descreveu minha história, meu amor virtual, e que hj já não é mais virtual. Estivemos juntos uma vez, e estamos juntos por coincidência a oito meses. Claro que ele não mora na mesma cidade. Mas estamos conseguindo manter uma relação de sentimentos fortes, mesmo à distância.Só o final, ainda bem não foi o mesmo, ou teria que mandar meu comentário, por um anjo. Ou será vc este anjo que quase contou minha história. Bjos pasmos

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  5. RESPOSTAS:
    * Loba querida, tambem não gosto de tristezas e infelicidades mas não posso me esquecer que estamos aí de frente para a vida e ela nos joga isso na cara diversas vezes por dia.
    A ideia, quando iniciei o rabisco não era fazer este fim, os personagens é que me levaram ao final.

    * Ana, fico feliz em ter recebido sua aprovação. Obrigado!

    * Beti, saiba que não sou anjo, sor arcanjo duplo e santificado(Miguel Salvador Gabriel) mas tenho um pezinho nas brasas (Chammas). rsrsrs

    * Maurizio, obrigado pelas palavras de carinho.

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  6. Terminaram, como terminarão todos: sós!
    Travei...
    beijãozinho.

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  7. Miguel, seu conto esta perfeito, pude visualizaresentir toda ansiedade, toda busca, todos encontros e desencontros...
    Gostei do final...Lembrei do filme "Tarde "Demais Para Esquecer"

    Beijos querido

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  8. Um conto lindo, bem escrito(adoro ler pormenores...rs) e trágico. Ambos terminaram sós. Mas, é um retrato do absurdo da vida. E eu gosto de ler sobre essas "impossibilidades" e desencontros. Serei masoquista? Ou mórbida? rs
    Não sei.
    Amei seu texto!!!
    Beijos muitos, muitos.
    Dora

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  9. Ô, Miguel!

    Os dois personagens do conto, de tão bem estruturados, caíram na minha simpatia e sentí uma grande emoção com esse final tão trágico quanto a nossa própria vida. Eles mereciam uma chance!
    Mas o conto está belíssimo. Parabéns!

    E um grande abraço.

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vamos prosear ou poetar?