12.10.09

UMA NOITE MEMORÁVEL

A noite havia sido excelente.

Eles tinham se encontrado por volta de 20:00 h, depois de muito bem produzidos, roupas novas, ele até tinha brincado consigo mesmo dizendo-se vestido com roupas de domingo. Ela, por sua vez, depois de ter feito as unhas das mãos e dos pés, de ter-se hidratado com o creme de sua preferência, vestira um terninho que lhe caia muito bem. Ambos estavam de bem com a vida. Depois dos beijinhos de recepção, foram em direção ao centro. Guardaram o carro em um estacionamento próximo do teatro e, decididos, foram em busca do entretenimento que haviam escolhido para iniciar a noite, entraram e acomodaram-se nas poltronas que lhes haviam sido designadas e aguardaram o inicio do espetáculo. Haviam escolhido uma comedia e, de fato, riram bastante com as situações cômicas que a comédia lhes apresentara. Saíram do teatro leves e muito mais bem humorados. Como planejado, foram em direção ao restaurante escolhido. Lá chegando, foram encaminhados pelo Maitre à mesa reservada com antecedência. Aceitaram a taça do champanhe que lhes foi oferecida pelo garçom e iniciaram a consulta do Cardápio para escolherem o prato que melhor lhes aprouvesse. Ele, amante de pratos bem temperados optou por um “Filet au Poivre” – para atiçar o apetite dos leitores, lembro que esse prato é composto por um medalhão de filé mignom que coberto por todos os lados com pimenta do reino em grãos amassados, é frito em frigideira com uma mistura de manteiga e azeite, depois de frito, o filé é coberto por um molho à base de conhaque e creme de leite e acompanhado por uma salada verde - recomendando, inclusive que o filé viesse malpassado. Ela de paladar mais delicado preferiu optar por escalopinhos de filé ao molho madeira acompanhados por um arroz com passas. A bebida ao jantar foi vinho e o escolhido foi um Santa Helena – Cabernet Sauvignon safra 2006. A sobremesa foi sorvete de creme com cobertura de chocolate meio amargo quente. Depois de degustarem um cafezinho e pagar a conta , saíram em busca de outras aventuras. Embarcaram no carro que lhes trouxe o manobrista e, sem mais delongas, partiram em busca de um motel famoso e muito luxuoso, ali escolheram uma suíte e entraram. Beijos iniciais, carinhos mais ousados, roupas quase que arrancadas e, enfim, abraçados se deitam. Foi aí que as coisas começaram a acontecer fora das previsões. A pimenta do reino deu sinais de não ter sido muito bem aceita pelo estomago dele. A acidez surgiu e ele acusou de imediato. Não era nenhum caso demasiadamente preocupante, mas aquela azia fazendo turismo de elevador no seu esôfago não permitia a manutenção de um clima frenético e, muito menos amoroso. Ele buscou ajuda, ao telefone, solicitou um sal efervescente e uma água tônica que de imediato foram servidos e por ele tomados. Deitados, aguardando a melhora dele, ficaram os dois abraçadinhos a conversar. A melhora foi se acentuando e ele se animando. Parece que agora não mais teriam atrapalhados os planos eróticos. Ele foi se animando, sussurrando palavras amorosas, sugerindo carinhos mais ousados e, de repente, olhou para ela que aninhada em seus braços, permanecia calada e de olhos fechados. Não querendo acreditar no que viu, ele, com voz mais áspera pergunta: -Você está dormindo? Ela meia assustada e ainda sonolenta responde de pronto: -Não amor, estava apenas descansando os olhos! Pronto, novamente os ânimos se arrefeceram. Ele analisando a situação e a resposta recebida começa a soltar uma risadinha que, rapidamente, se transforma em sonora gargalhada. Ela também, percebendo o ridículo de sua resposta, não teve dúvidas, começou também a gargalhar. Nesse clima, nada mais havia de ficar romântico ou sensual. Tudo que estava se preparando para uma noite de muito clímax caiu por terra, ficando sem condições de se reerguer. O remédio, depois de serenadas as gargalhadas, foi virar para o lado e dormir o sono dos justos.

De manhã, se nada viesse a atrapalhar, eles correriam atrás do prejuízo.